Naquele momento, Sebastião ficou me olhando, atônito. Depois de alguns segundos, ele se inclinou e me deu um beijo leve, quase como um toque de pena. Em seguida, passou a mão pelo meu cabelo e disse:
— Garota boba.
Naquela época, o céu estava como agora: prestes a clarear. Ele havia bebido demais e, em seu estado de euforia, me perguntou:
— Quer subir comigo até o topo da montanha para ver o nascer do sol?
Eu o conhecia bem. Quando ele bebia, ficava agitado, incapaz de dormir. Ele sempre dizia que, se dormisse bêbado, sentia o mundo girar ao ponto de enjoar.
Por isso, muitas vezes, quando ele estava nesse estado, eu acabava dirigindo por horas, levando-o para dar voltas pela cidade ou até mais longe.
Naquela noite, peguei o carro e o levei até o topo de uma montanha. Sentamos juntos em uma grande pedra. Ficamos ali, encostados um no outro, olhando as estrelas que ainda pontilhavam o céu antes do amanhecer, observando a escuridão da noite ser substituída pelas cores do nasce