No final da tarde, Dona Maria olhou para o relógio e comentou:
— Rosana não está quase saindo do trabalho?
Manuel estava meio recostado na cama, lendo um jornal de economia.
— Por que tanta pressa? A Rosana pode precisar fazer hora extra. Não a incomode e nem a apresse.
— Quando é que eu pressionei a Rosana? — Dona Maria hesitou por um momento e, depois, acrescentou com firmeza. — Ah, é verdade, se Rosana vier mais tarde cuidar de você, vocês precisam ter cuidado, entende? Você acabou de sair de uma cirurgia, então nada de... Vocês dois não podem fazer nada, ouviu?
— Mãe! — Manuel ficou visivelmente desconfortável. — O que você está falando?
Dona Maria, séria, respondeu:
— Não adianta tentar negar! Aliás, hoje de manhã, vocês já estavam se abraçando. Sorte que eu voltei a tempo, senão, quem sabe o que esses jovens fariam? Tem que me prometer, no mínimo, um mês sem... Nada disso!
Manuel só sentia um zumbido nos ouvidos. Tentou desviar do assunto:
— Tá bom, eu prometo, está feliz agora?