A sala de reuniões da Valentim estava silenciosa, mas carregada de uma tensão quase palpável. As persianas semiabertas deixavam entrar uma luz difusa da tarde, criando sombras que se projetavam sobre a mesa de mogno escura. Arthur entrou acompanhado de Bianca, que carregava uma pasta com documentos. Seus passos ecoaram firmes, denunciando a segurança de quem não tinha mais nada a perder — ou a esconder.
Do outro lado da mesa, estavam os Vasconcelos. Beatriz, impecável em um vestido verde-escuro que realçava a frieza do olhar, mantinha os braços cruzados. Ao lado dela, sua mãe, Joana Vasconcelos, vestia uma elegância clássica, com joias discretas e expressão severa, quase altiva. O pai, Alberto Vasconcelos, observava em silêncio, o rosto marcado pelo cansaço de quem carregava décadas de negócios, mas os olhos ainda vivos e atentos, como se analisassem cada gesto de Arthur.Arthur não se apressou em cumprimentá-los. Puxou a cadeira na cabeceira da mesa, sentou-se e apenas incl