Na manhã seguinte, Lívia entrou pela portaria da empresa com passos firmes. Ainda assim, cada batida do salto contra o piso de mármore ecoava alto demais em seus ouvidos, como se a acusasse de algo que não havia feito. Desde o primeiro segundo, sentiu os olhares sobre si. Um misto cruel de curiosidade, julgamento e cochichos mal disfarçados que percorriam os corredores como faíscas.
Arthur havia garantido que manteria tudo em sigilo. Mas alguém havia falado. O que havia acontecido no sábado — que deveria ficar restrito a poucos — agora parecia ser de conhecimento geral. E os corredores, antes familiares, tinham se transformado em um campo minado.
— É ela, não é? — murmurou uma voz feminina quando ela passou.
— Foi por causa dela que aquilo aconteceu… — comentou outro, sem sequer se preocupar em abaixar o tom.
Lívia ergueu o queixo. Precisava manter a dignidade intacta, mesmo que a pele do rosto queimasse. Por dentro, sentia-se exposta, julgada como se fosse culpada de um crime