O caminho de volta do hospital até o apartamento foi silencioso. Um silêncio espesso, pesado, que me apertava o peito mais do que qualquer grito. Caio dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a minha, firme, constante. Eu sabia que ele estava esperando o momento certo para perguntar. Sabia que ele queria entender. E, acima de tudo, sabia que não desistiria até ouvir a verdade.
Lana dormia sob efeito de medicamentos, mas antes de fechar os olhos, deixou aquele alerta pairando entre nós como uma bomba não detonada.
“Você conhece ele.”
Eu conhecia, sim. Mais do que gostaria. Mais do que conseguiria explicar com palavras simples. E era exatamente isso que me amedrontava.
Quando chegamos, tirei os sapatos na porta e fui direto para a varanda. O céu ainda estava escuro, mas uma brisa fria me trouxe um pouco de clareza. Caio se aproximou devagar, me oferecendo uma xícara de chá que eu nem percebi que ele tinha preparado.
— Você quer falar sobre isso? — ele perguntou, sentando ao me