Subimos para o loft com o fim de tarde tingindo as janelas de dourado. O silêncio entre nós era confortável, um resquício da tranquilidade da noite anterior. Caio tirou os tênis e foi direto até a cozinha, abrindo a geladeira e soltando um resmungo cômico.
— A geladeira tá tipo... apocalipse zumbi. Tem um iogurte vencido, uma garrafa d’água e a saudade do queijo que já morreu.
— Tá vendo? É o universo dizendo que você precisa fazer as compras.
— Eu sempre faço as compras — respondeu, dramático. — Você acha que as bananas aparecem sozinhas aqui?
— As que você compra e esquece até apodrecer, aparecem mesmo — provoquei, e ele me lançou uma almofada antes de rir.
Caio pegou as chaves e anunciou:
— Vou ali no mercado rapidinho. Trinta minutos, juro. Quer vir?
— Melhor não. Tenho umas coisas pra resolver aqui. Preciso lavar umas roupas e mandar uns e-mails do trabalho.
— Beleza, já volto. Quer alguma coisa?
— Só você mesmo.
Ele sorriu, satisfeito com a resposta, e saiu.
Fiquei sozinha no lo