(Visão de Caio)
O silêncio depois da ameaça bem-humorada de Lara ainda pairava entre nós, mas eu sabia que precisava dizer mais. Não porque ela exigia — Lara nunca pedia demais —, mas porque eu devia. Porque agora ela era parte do que importava.
Me acomodei ao lado dela, o corpo levemente inclinado, os dedos entrelaçados, cabeça baixa.
— Júlia falou sobre fantasmas... e eu fiquei com isso martelando. — comecei, sem olhar direto pra ela. — Você merece saber de algumas coisas. Coisas que talvez expliquem o porquê de eu ter me fechado tanto, com você... e com o mundo, por um tempo.
Lara não disse nada. Mas a ausência de interrupções era o convite que eu precisava.
— A faculdade foi um caos pra mim. — continuei. — E não só por sua causa, mesmo que você tenha me tirado do sério mais vezes do que posso contar.
Vi o sorriso pequeno surgir no canto da boca dela, mas não durou.
— Meu pai estava afundado em dívidas naquela época. Ele não deixava a gente ver, mas eu descobri