Cheguei no trabalho ainda com o gosto do café na boca — e o beijo do Caio na memória. Era impossível ignorar o calor que aquele momento deixou marcado na minha pele, como se um lembrete invisível estivesse colado nos meus lábios.
Mas ali, entre relatórios e telefonemas, eu precisava de foco. Precisava lembrar que o mundo não parava porque alguém me olhou de um jeito diferente.Sentei à minha mesa e liguei o computador, tentando ignorar o burburinho constante do escritório. A chefe já tinha deixado bilhetes sobre prazos apertados, e eu mergulhei no trabalho como quem se joga em águas geladas, só para acordar.Por volta das dez, a recepcionista avisou pelo chat interno:“Cliente Miguel chegou. Disse que quer falar diretamente com você.”Suspirei. Ele era um dos clientes mais importantes da agência, dono de uma rede de restaurantes refinados e... bastante insistente. Mandou flores e chocolate