David
Acordo e sinto o cheiro de álcool impregnado no ar. Minha cabeça lateja. O rosto de Darlan, ainda adormecido ao meu lado, é um lembrete cruel que nossa noite de excessos foi longe demais.
Estamos no quarto dele, um costume antigo, se nossa mãe nos pega aqui, com esse cheiro de ressaca e evidências escancaradas de que chegamos chapados, o inferno vai se abrir.
— Darlan, acorda! — chuto a perna dele.
— Que horas são? — Ele murmura, esfregando os olhos.
— Não interessa! Se a mamãe entrar aqui e sentir o cheiro, estamos mortos!
Ele senta num pulo, o pânico substituindo a preguiça. Em questão de segundos, estamos os dois enfiados no chuveiro, dividindo o espaço como dois moleques tentando escapar de uma bronca. A água fria cai sobre nós, lavando o cheiro de álcool e a sensação de culpa.
— Isso é patético, sabia? — Darlan resmunga;
— Cala a boca e esfrega logo esse sabonete — resmungo, com um sorriso involuntário.
Saímos do banheiro como se estivéssemos fugindo de uma cena de crime.