Derick
No quarto pequeno e abafado, jogo a mochila em um canto e encaro o teto. As paredes parecem se fechar ao meu redor, como se a própria estrutura soubesse do caos que carrego no peito. O cheiro enjoativo de desinfetante gruda em mim, mas é o menor dos meus problemas.
Meu celular está quente na minha mão. Deslizo as fotos dela, como faço todas as noites, cada imagem, uma punhalada em meu coração. Nara sorrindo timidamente, Nara de costas, os cabelos soltos… Nara nos meus braços. A memória do toque dela é uma tortura constante, um veneno lento que me consome a cada batida do meu coração.
E então, lembro.
A última vez que estivemos juntos. A forma como roubei dela o que não tinha direito de tomar. A cena se repete em minha mente como um filme malldito, cada detalhe marcado a ferro em minha alma.
Uma lágrima escorre. E outra. E mais outra. Até que estou ali, um homem que já matou dezenas, chorando como uma criança perdida.
— Se eu conseguir te encontrar… — murmuro, a voz rouca de dor