DerickO bar vibra ao som da música, uma batida incessante que combina com o frenesi no meu peito. Não deveria me importar. Não deveria sequer estar aqui. Mas estou. E é impossível ignorar a cena diante dos meus olhos: Daniel Malta, escorado no balcão, com Maia pendurada no pescoço dele, a língua dos dois se entrelaçando sem pudor. Uma raiva surda me invade, mas não por Daniel. Não por Maia. Por Raissa. Pela forma como ela continua impassível ao meu lado, como se não estivesse vendo nada.— Olha só — digo, a voz mais ácida do que pretendia, parece que seu "namorado" já encontrou um novo passatempo.Raissa dá de ombros, tranquila demais.— E daí?Minha testa se franze.— E daí? Você não vai dizer nada? Não vai surtar?Ela me encara, a boca curvando em um meio sorriso debochado.— Derick, ele só tirou minha virgindade porque eu quis. Cansei de ser virgem, apenas isso. E foi uma maravilha, para falar a verdade. O pau dele é tudo de bom... grande e grosso, uma delicia!Ela sorri mais, cín
Nara Derick avança um passo, a raiva irradiando dele como um furacão prestes a destruir tudo ao redor. Meu coração tamborila, mas mantenho a postura firme, segurando seu ombro antes que ele encoste um dedo em Raissa.— Calma, Derick. — Minha voz é uma lâmina fria, cortante. — Fui contratada para proteger a Raissa. Mesmo que seja de você.A fúria queima seus olhos, mas ele respira fundo, como se tentasse e falhasse em conter a tempestade dentro de si. O jantar segue em um silêncio pesado, cada segundo se arrastando como um castigo. Raissa mal toca na comida, e eu também não consigo engolir nada.Derick paga a conta com movimentos duros, mecanizados. O caminho até a casa dos pais dele é claustrofóbico, o carro uma gaiola sufocante. Ele não diz uma palavra. Assim que deixa Raissa, acelera em direção à própria casa, o silêncio agora um grito silencioso prestes a explodir.Mal cruzamos a porta e ele me empurra para dentro, o corpo vibrando de tensão. Antes que eu reaja, sua mão agarra me
DavidO cheiro de desespero misturado ao ferro do sangue me acerta assim que cruzo a porta do quarto. O ambiente está em silêncio, mas a cena diante de mim grita. Derick está largado na cama, os lençóis manchados de vermelho, o corpo nu, as mãos repousando sobre o peito nu e sujo. O rastro escarlate ainda marca sua pele, um lembrete cruel do que aconteceu ali. E então vejo, o seu pau, ainda manchado de sangue seco.Meu estômago revira.Derick levanta a cabeça ao me notar e solta um rosnado baixo.— O que diabos você quer, David? — Sua voz é rouca, arrastada, como se ele mesmo estivesse tentando processar tudo.Eu não respondo.Meus dedos vão até os botões da minha camisa, arrancando-os um a um. Jogo a peça no chão sem cerimônia. Ele nem tem tempo de reagir, o meu punho já encontra seu rosto com força suficiente para fazer sua cabeça bater contra a cabeceira da cama. O som seco do impacto ressoa pelo quarto.— Porrah, David! — Derick tenta se defender, seu próprio punho acertando meu m
LizandraO som ritmado dos corações das minhas filhas preenche o consultório, uma melodia forte, insistente, que parece pulsar diretamente dentro de mim. As batidas ecoam em cada célula do meu corpo, e eu percebo que a partir desse momento, nunca mais serei a mesma. David segura minha mão, os dedos dele apertam os meus com firmeza, como se estivesse se ancorando naquele instante tanto quanto eu.— Elas estão chupando os dedinhos — diz a Dra. Selma, um sorriso terno curvando seus lábios.Minhas meninas. Tão pequenas, tão perfeitas, já se movimentando dentro de mim. David pisca rápido, a emoção quase transbordando de seus olhos. Ele não chora, mas eu sinto cada centímetro da sua vulnerabilidade naquele momento.Saímos do consultório de mãos dadas, um sorriso idi0ta no rosto de ambos. Pela primeira vez em muito tempo, não há medo, não há segredos sombrios, apenas a expectativa radiante de um futuro que estamos construindo juntos.— Vamos ao shopping? — peço, usando meu olhar mais convinc
DarlanO cheiro de pó e gasolina ainda impregna minhas narinas enquanto fecho a última planilha de conferência. A carga chegou inteira. Quinze quilos de cocaína pura e outros vinte de pasta base. Dinheiro sujo, sangue derramado, mas uma engrenagem essencial para manter nosso império girando. Cada tijolo registrado, cada pacote pesado, tudo sob meus olhos. Não há margem para erro. Não no meu sistema.Saio da sala de conferência, esfregando a nuca, e é quando a vejo. Silvia.Ela é um contraste gritante com o ambiente hostil da sede da máfia — a seda da sua blusa adere ao corpo de um jeito quase criminoso. Os cabelos negros, levemente bagunçados, sugerem um dia longo no Grupo Lambertini. Seus olhos me encontram, exaustos, mas ainda desafiadores.— Cansada? — pergunto, encostando o ombro na parede, com um sorriso de canto.Ela suspira, passando a mão pelos cabelos.— Nem te conto. Dia cheio.Sem pedir permissão, acompanho-a pelo corredor estreito até os aposentos reservados para os membro
LizandraA vingança tem um cheiro peculiar. Hoje, eu não sou só Lizandra Lambertini, a esposa de David ou a mãe das suas filhas. Eu sou a garota que viu um amigo crescer ao seu lado e por pouco não tivemos as famílias trocadas, sou a mulher que carrega o peso de uma história que precisa ser encerrada.David está ao meu lado, mas a inquietude é um manto invisível que o cobre da cabeça aos pés. Seus dedos tamborilam contra a lateral da calça, um ritmo contido, como se cada batida fosse uma explosão engolida.— Liza, precisamos conversar. — Sua voz é um sussurro, suave demais para um homem como ele.Sei que ele teme por mim. Ou melhor, pelas nossas filhas. Ele olha para minha barriga saliente como se cada palavra pudesse estilhaçar aquela bolha de proteção que ele construiu em torno de nós.— O general Castellano... — Ele prende a respiração após a revelação, esperando por minha reação.Apenas balanço a cabeça. Eu já sabia.— Quero vê-lo. — Minha voz é firme, sem espaço para negociação.
DanielEm resposta ao passado, esto aqui, um passado que marcou a minha mãe e também o meu pai, ja conversamos de homem para homem, e ele confessu algumas dores, porém deixou claro que o erro do Castellano não relfete no quanto ele me ama, meu pai me tem como um filho legítimo e ainda citou que o infeliz, foi apenas um doador de esperma, e isso, de certa forma me alivia, por que saber que fui concebido, através de um estupr0, não foi fácil, mas sobrevivi e agora estou aqui.O cheiro de sangue fresco me preenche as narinas antes mesmo de cruzar a porta do galpão. É acre, metálico, quase sufocante. Mas não me incomoda. Não mais. Estou encostado na parede, braços cruzados, esperando. Minha mente, no entanto, não está ali. Está anos atrás, em um passado que não vivi, mas sei o quanto machucou a minha mãe.Aquele homem imundo, o general Castellano, está acorrentado diante de nós. Um monte de carne velha, apodrecendo por dentro e por fora. Vejo cada hematoma, cada corte, cada marca deixada
Marco SilaEu sou Marco Sila. Não sou um homem comum. Não sou um homem bom. Eu sou um sobrevivente.Desde pequeno, aprendi que o mundo é uma selva. Não há bondade sem segundas intenções, não há amor sem um custo. A minha mãe, dona Judite Sila, tentou me ensinar o contrário. Era uma mulher forte, doce comigo, mas devastada pela perda do meu pai, Martin Sossa. Um homem que, para mim, era um rei. O verdadeiro padrão de um mafioso.Meu pai não aceitava a fraqueza. O Don anterior era uma piada, um frouxo que perdia respeito dia após dia. Meu pai não apenas quis mudar isso — ele agiu. Assassinou o Don sem hesitar, um ato de coragem e poder. Mas o que ele não previu foi a vingança do filho dele, o maldito Vittorio Lambertini. Uma resposta cruel e impiedosa. Vittorio matou meu pai, deixando minha mãe viúva e a mim, um garoto perdido, mas consciente.Eu vi o corpo do meu pai no caixão, lembro-me do cheiro das flores misturado ao cheiro de sangue. Eu era só uma criança, mas sabia que um dia ret