Lizandra
O calor do fim de tarde emana do asfalto, mas não é isso que faz meu corpo queimar. Minha mente ainda está embaralhada pelo que acabou de acontecer, e meus lábios... bem, eles ainda carregam o gosto dele. David Lambertini. O nome soa como um aviso, como se algo perigoso estivesse prestes a acontecer. E talvez esteja.
Sexta-feira sempre é o pior dia. Aulas intermináveis da disciplina de Conclusão 1, tarde e noite, sugam a energia de qualquer um. Entre uma aula e outra, decido sair para caminhar pelo campus. Daniel está ocupado, conversando com um professor sobre algum trabalho, então aproveito para espairecer. Eu preciso de ar, de um pouco de paz. Mas paz é exatamente o que não encontro.
Estou no caminho de volta para a sala quando o vejo. David Lambertini, encostado em um dos pilares do prédio, as mãos no bolso da calça jeans, Deus me livre, mas olhando assim, ele é muito gostoso, está distraído, aquele rosto perfeito, com a postura relaxada. Ele me encara, e aquele sorriso cí