Don Vittorio
O silêncio da casa parece gritar em meus ouvidos. Estou encostado no batente da porta, observando Liana com os filhos, sua voz firme ao dizer que ligaria para o irmão e pediria abrigo na Rússia. Meu sangue ferve, não só pelo que ela disse, mas pelo jeito que disse, como se eu fosse irrelevante, um peso que ela carrega por obrigação.
— Liana — minha voz sai dura, mais do que eu gostaria.
— Me acompanhe, por favor.
Ela se vira lentamente. Mas obedece. Porque sou o Don. Porque ela é a mulher de um mafioso.
O gosto amargo da autoridade desce arranhando minha garganta.
A conduzo até o escritório e, assim que entramos, fecho a porta. O som seco da madeira ecoa entre nós, mas Liana continua impassível. Me sento, o peito pesado, e faço o que mais odeio, uso meu poder sobre ela.
— Sente-se.
Ela obedece sem hesitar, mas é como se não estivesse ali. A distância entre nós é maior que qualquer parede.
— Você não vai para a Rússia, Liana. Você é minha mulher.
Seus olhos frios me atrav