O motor do Maserati roncou como um animal adormecido quando Luca acelerou pela estrada sinuosa que levava de volta à mansão. A noite estava escura, o ar pesado com o cheiro de chuva prestes a cair. Meus lábios ainda formigavam do beijo, e minhas mãos – apoiadas no colo – tremiam levemente.
Luca dirigia com uma mão no volante, os dedos batendo uma batida irregular contra o couro. A outra mão repousava sobre o câmbio, tão perto do meu joelho que eu podia sentir o calor irradiando dali. Ele não me tocava, mas a proximidade era uma promessa não cumprida.
— Você está quieta — comentou, os olhos fixos na estrada.
— Estou pensando.
— No que?
Pensei em dizer: Em como seu gosto ainda está na minha boca. Em como suas mãos me seguraram como se eu fosse quebrar. Como eu quase disse sim. Mas apenas disse.
— Em nada importante.
Ele soltou um som baixo, quase um riso.
— Mentira.
Olhei para ele de relance. O perfil dele era cortado pela luz fraca dos faróis – o maxilar forte, a boca