A noite parecia ter mudado de cor. Mesmo sob a mesma lua, havia algo diferente no céu, na terra, no próprio ar. A cicatriz escura que atravessava a lua permanecia ali, como se o universo tivesse registrado o momento exato da escolha de Aedan. E agora, tudo estava em silêncio — o tipo de silêncio que precede algo novo, algo imenso.
Os anciãos do Refúgio se reuniram no círculo central ainda na mesma noite. Mirelle liderava a cerimônia, mas mesmo ela parecia desconcertada diante da transformação de Aedan. As marcas em sua pele brilhavam com dois tons — prata e âmbar — oscilando como se contivessem dois corações batendo em sincronia.
— Nunca houve um Julgamento quebrado — murmurou ela. — O que você fez não foi previsto nem mesmo pelas runas antigas.
— Não foi um erro — disse Aedan, firme. — Foi uma escolha. A única possível.
Os anciãos não responderam imediatamente. Alguns o observavam com cautela, como se receassem que ele não fosse mais o mesmo. Outros pareciam tomados por um temor