Lúcia ficou paralisada.
— Como ele ficou preso na montanha?
Fabiana, chorando, contou o que havia acontecido.
Na verdade, eles tinham visto uma raposa branca. Gustavo, sem se importar com a chuva, saiu correndo sozinho atrás dela, mas não esperava que um deslizamento de terra ocorresse, deixando-o preso na montanha.
— Que absurdo!
O rosto de Lúcia ficou sombrio.
— Este deslizamento é extremamente perigoso, à noite ainda aparecem lobos. Gustavo está mesmo querendo morrer?
Um dos amigos de Gustavo, descontente, retrucou:
— Por que está gritando? O que você sugere, então? Já perguntamos aos funcionários do campo de caça; o grupo de resgate mais rápido só vai chegar daqui a muitas horas... Lúcia, o que você está fazendo?!
Em meio ao espanto, Lúcia já havia montado no cavalo com habilidade.
Ela respondeu friamente:
— Claro que vou salvá-lo.
Dito isso, partiu cavalgando, deixando o grupo atônito, trocando olhares de perplexidade.
— A equitação da Lúcia... é realmente tão boa assim?
O rosto de Fabiana estava pálido, as mãos cerradas com força.
......
Lúcia conhecia muito bem aquela montanha e imediatamente encontrou uma trilha segura, sem deslizamentos, para entrar.
O motivo de ela ir salvar Gustavo era simples.
Por um lado, aquele campo de caça estava em seu nome; se acontecesse alguma tragédia, ela certamente seria envolvida, e sua saída dali não seria tão tranquila.
Por outro lado, ela devia a Gustavo uma vida.
Anos atrás, quando havia retornado há pouco para a família Alves, ela e Fabiana foram sequestradas juntas.
No momento de maior perigo, seus pais biológicos escolheram Fabiana, que não tinha laços de sangue com eles. Quando Lúcia estava prestes a ser morta, foi Gustavo quem, sem hesitar no perigo, entrou sozinho para salvá-la.
Para salvá-la, ele levou três facadas e passou a noite toda sendo operado.
Aquela vida, ela sabia que precisava devolver a ele.
Lúcia cavalgou por cinco horas sob a chuva intensa, até finalmente encontrar Gustavo.
Ele estava desacordado dentro de uma caverna, segurando firmemente a raposa branca, murmurando:
— Fabiana... para você... isso é para você...
Lúcia mostrou um semblante sombrio.
Então, para fazer uma declaração incerta a Fabiana, ele estava disposto até mesmo a arriscar a própria vida?
Ela sorriu com ironia, apoiou Gustavo e se preparou para sair.
Mas, ao levantar o olhar, viu inúmeros olhos verdes brilhando no escuro.
Era uma alcateia de lobos.
Lúcia não esperava tanta má sorte, mas imediatamente levantou o rifle para proteger a si mesma e a Gustavo.
Uma hora depois, todos os lobos estavam no chão; ela também tinha sido mordida três vezes.
Pensou consigo mesma: que coincidência, exatamente o mesmo número de golpes de faca que Gustavo levou para salvá-la.
Mesmo com o sangue escorrendo por todo o corpo, ela mordeu os lábios, pegou Gustavo e, montando o cavalo, correu montanha abaixo.
Ao chegar ao salão principal, Fabiana e os outros ficaram boquiabertos ao ver Lúcia coberta de sangue.
Lúcia caiu do cavalo, empurrou Gustavo para os braços de Fabiana e, com esforço, conseguiu dizer sua última frase:
— Diga a Gustavo que a vida que eu devia a ele, agora está paga.
Assim que terminou de falar, tudo ficou escuro à sua frente e ela perdeu a consciência.
......
Quando Lúcia acordou novamente, já estava no hospital.
Todos os ferimentos causados pelas mordidas já tinham sido tratados. Ela perguntou ao médico:
— E o homem que veio comigo?
Ao receber o número do quarto de Gustavo, Lúcia foi confirmar o estado dele, mas, ao se aproximar da porta, ouviu a voz de um dos amigos de Gustavo soar:
— Gustavo, foi a Fabiana que, sem pensar no perigo, te resgatou da montanha. Fabiana realmente te ama muito!