— Estou sendo procurada?
— Que nada! Ele não pode fazer isso, porque se ele colocar você, pode também pôr o dele na reta.
— Por quê?
— Saiba que há denúncias contra ele, só isso que posso dizer.
— Obrigada, Coralina.
— Disponha... e saiba que a Mafalda está querendo te matar também, espero que você nunca mais volte pra cá. Viva a sua vida de outra maneira, crie outra versão de você, mas jamais apareça nessa cidade outra vez.
— Entendi, agradeço pelo retorno.
E desliguei a linha.
Com a minha cesta de flores, meu Walkman e minha única roupa, fui em direção à outro trem, para me afastar ainda mais dos meus primeiros erros.
O cobrador das passagens me reconheceu.
— Oi, tudo bem? Você não é a...
— Não sou.
— A Perfídia!
Sorri amarelo.
Ele me disse: Nossa, você está muito bem... para onde está indo?
— Não sei.
— E você lembra de mim?
— Gabriel.
— Exatamente. Eu era mais gordo na época.
— Eu lembro.
— Você tem lugar para ficar?
— Tenho sim.
— Não tem não...
—