Estaciono em frente à casa dos meus pais pouco depois das três da tarde.
A fachada continua igual: muro branco, flores no jardim, a pequena varanda com as cadeiras de ferro que minha mãe insiste em manter mesmo que ninguém mais use. Só de olhar, meu estômago revirava.
Eu cresci aqui. Aprendi a andar de bicicleta nessa calçada. Chorei meu primeiro amor no quarto dos fundos. Voltei pra cá depois do acidente, sem lembrar de nada, e confiei cegamente em cada palavra que me deram. Em cada silêncio.
Desligo o carro. Fico ali por alguns segundos, observando as cortinas da sala se moverem com o vento. Não demora muito até a porta se abrir.
Minha mãe.
Ela