Otávio
A primeira coisa que notei quando entrei naquele apartamento foi o cheiro.
Não era perfume — era ela. Uma mistura de lavanda com café e alguma coisa que grudava na minha pele como memória antiga. Aquela mistura que eu só encontrei nela. Que me acompanhou por noites em claro, mesmo quando eu dizia pra mim mesmo que precisava esquecer.
Esses dias… têm sido um tipo de tortura doce.
Ela me deixa entrar. Me deixa ficar. Mas mantém aquela porta entreaberta, como quem ainda não sabe se me quer dentro ou fora de vez.
E eu aceito.
Porque qualquer tempo com Marina é mais do que o que tive por anos. Porque, mesmo sem garantia nenhum