Os corredores estavam mergulhados em uma quietude quase sobrenatural. As luzes suaves piscavam de vez em quando, como se até a eletricidade estivesse com sono. Eu caminhava devagar, ainda de pijama e um casaco leve jogado sobre os ombros. O barulho que me despertara parecia ter vindo dali, algo suave — uma porta, talvez, ou um passo contido.
Foi então que o vi.
Otávio estava parado próximo à janela, as mãos nos bolsos da calça, os ombros caídos. A luz fraca iluminava apenas parte do seu rosto, e havia nele uma exaustão que não era só física — era como se ele estivesse carregando um peso invisível há tempo demais.
Ele se virou ao perceber minha presença, mas não se moveu. Os olhos cansados encon