O som seco da porta se fechando atrás de mim não me assustou. Mas a voz dele, sim.
— Vai continuar fingindo que está tudo bem, Marina?
Virei devagar, com o peito acelerado. Otávio estava ali, parado perto da estante, os braços cruzados, os olhos faiscando como se quisesse atravessar minha pele com aquele olhar.
— Do que você está falando agora?
— Do que eu vejo. Do que todos veem. Você está distraída, confusa, errando tarefas simples. E tudo começou depois daquela noite. — Ele deu um passo à frente, a voz mais baixa, mais grave. — Depois de mim.
Aquilo me atingiu como um tapa.