48. Foi nesse momento que tudo começou a descarrilhar
Gabrielle
A vista era magnífica. Daquela cobertura, eu podia ver a cidade inteira, tão pequena, com todas as luzes acesas, os prédios comerciais iluminados e os carros cruzando as ruas. Consegui até avistar minha casa, do outro lado da cidade, na colina. John insistira em construí-la ali para que pudéssemos ver toda a cidade e ter a melhor vista do nascer do sol. Papai sempre foi muito atencioso.
Confesso que, na minha condição, não consegui prestar muita atenção nos detalhes. Não percebi o ambiente por completo quando cheguei, e muito menos depois de ver aquelas garrafas de vinho tinto dispostas em um quadro de losangos na parede branca. Puxei uma delas, abri-a com um saca-rolhas que encontrei em algum lugar. Sinceramente, nem sei como consegui fazer isso, nem como bebi metade da garrafa antes de Lucas reaparecer.
Ele trazia duas toalhas e um roupão. Seus olhos se estreitaram ao me ver bebendo de sua reserva pessoal.
— O que está fazendo com esse vinho? — pergunto