Gabrielle Goldman
Seus olhos cruzavam os meus a cada volta que dava, como se me acusassem, me marcassem, me odiassem e me desejassem ao mesmo tempo. Tão intensamente que minha cabeça começou a latejar, como se o simples peso do seu olhar pudesse me esmagar.
Eu não entendia uma única palavra do que dizia. A língua que escorria raivosa por seus lábios não era francês, e Emma não era o alvo. Outra pessoa, outro mundo. Mas, de alguma forma, eu sabia, eu era o motivo.
Ele falava com outra pessoa, mas suas palavras eram para mim.
Abri a porta devagar, deixando o rangido ecoar como uma ameaça no ar. Caminhei até ele, lenta, calculada, como quem se aproxima de um animal ferido e imprevisível. Já fazia vários minutos que ele vociferava naquela língua estranha, e sua raiva n