Gabrielle Goldman
A ausência dele me atingiu como uma lufada de vento gelado. O quarto estava vazio, arrumado com precisão quase clínica. Cada canto daquela peça parecia ter sido polido por uma obsessão silenciosa. A cama estava feita com perfeição militar, sem um vinco fora do lugar. Havia um aparador simples ao lado e um notebook repousando sobre ele como uma peça de xadrez à espera do próximo movimento. E só. Nenhuma fotografia, nenhum objeto pessoal, nenhum vestígio de quem ele era, ou do que sentia.
Era um ambiente desprovido de alma, como uma cela de isolamento ou uma cápsula à prova de emoção. Parecia uma prisão moderna. Uma armadilha elegante. Tão diferente de seu apartamento luxuoso na cobertura ao lado de Lucas, onde ele ostentava com sarcasmo cada símbolo de sua vitória si