Gabrielle Goldman
Minha mente fervilhava com cada acusação, cada pensamento cruel que lançava contra mim mesma. Eu me sentia exposta, desmascarada. E ainda assim, mesmo depois de todo esse teatrinho de autopunição, lá estava eu, parada, segurando aquele frasco de perfume como uma adolescente fodida da cabeça.
Foi quando o toque estridente da campainha me arrancou bruscamente daquele torpor mental que parecia me afundar cada vez mais. O som, seco e invasivo, reverberou pela casa, me fazendo piscar diversas vezes antes de entender o que, de fato, estava acontecendo. Quem poderia ser naquela hora da manhã? Certamente não era Gadreel, ele nunca usaria a própria campainha. Aquilo só podia ser alguma entrega, talvez ele tivesse encomendado algo. Algo trivial. Algo que justificasse aquele alarme fora de hora. Mas algo dentro de mim sabia que não