Lucas Park
E lá estava eu novamente, sentindo o veneno dele se espalhar por cada célula, cada fibra do meu corpo. Aquele filho da puta estava certo. Mesmo se ela desse à luz, mesmo se aquela gravidez fosse verdade, seria apenas mais um trampolim para ela se libertar de qualquer corrente que pudesse prendê-la. Ela estaria livre. E como todo o poder.
Ela poderia escolher qualquer um depois que as ações de John e Leslie fossem integradas as suas. Se tornaria a acionista majoritária do maior conglomerado da américa latina, e a segunda empresa mais valiosa do mundo. Com esse poder, ela poderia escolher até mesmo Castillo. Todas as regras, desde a idade até o status, cairiam por terra assim que os papéis de transferência fossem concluídos.
Foi então que percebi. Aquele filho da puta traidor sabia disso
GabrielleEm toda a minha vida, toda atenção que recebi foi por ser filha de meu pai. Desde que aprendi a distinguir um sorriso falso de um genuíno, foram raras as vezes em que retribuí. Não há pessoas o suficiente para preencher os dedos de uma mão que me amavam verdadeiramente.Eu sempre soube disso. E, mesmo quando dizia a todos que não me importava, mesmo quando escolhia vestir uma máscara indecifrável, com um olhar de desprezo por todos, era apenas uma maneira de proteger o pouco que restava de mim.Não podia permitir que eles percebessem o quanto me machucavam toda vez que forçavam sorrisos e simpatias na minha direção. Eu sentia o cheiro da mentira de longe. Farejava a lealdade ao dinheiro, e isso me causava repulsa. Foi assim que criei essa aversão às pessoas ao meu redor. Vendo nelas a ganância disfarçada de afeto, a tentativa constante de arrancar favores ou privilégios, caso eu me afeiçoasse a elas.Desde cedo, me convenci a nunca, jamais, me importar. E, se por acaso me im
Gabrielle Ao entrar na cozinha, depois de perceber a profundidade dos sentimentos de Murilo em relação a mim, fui imediatamente transportada para o momento em que nos conhecemos. A lembrança tornou-se ainda mais vívida ao vê-lo ali, ao lado de Gadreel, agindo como se fossem velhos amigos. Era desconcertante a naturalidade entre eles. Mas não os culparia. Murilo tinha o dom de fazer as pessoas se sentirem confortáveis em sua presença. Ele fora o único a quem permiti permanecer ao meu lado no momento mais sombrio da minha vida. E, ao que tudo indicava, estava disposto a retornar para ocupar o posto do qual nunca deveria ter saído. — Sente-se um pouco — sugeriu ele, com um toque leve nas minhas costas, guiando-me até a bancada. Quantas vezes eu havia me sentado ali, observando-o cozin
Gabrielle Gadreel me observava em silêncio, os olhos fixos no meu rosto, como se tentasse decifrar um livro em um idioma desconhecido. Apesar da evidente dificuldade, ele não parecia disposto a desistir. Decidi ignorá-lo e me concentrei no prato à minha frente. Estava faminta. Minha última refeição havia sido o almoço com Gadreel, no dia anterior. Desde então, minha irritação tinha sido tanta que pulei todas as outras refeições, mesmo com Dave insistindo para que eu me alimentasse. Encontrá-lo longe dos olhos de todos foi, sem dúvida, a decisão mais sábia que já tomei. Admito que o julguei mal. No início, pensei que ele tivesse retornado unicamente para reivindicar sua parte no acordo com meu pai. Mas, pouco a pouco, percebi que dinheiro e ações n&ati
Gabrielle Eles me mantinham presa em uma rede. Cada vez que eu tentava me afastar de um, acabava sendo lançada de volta para outro. No final, a única que sairia quebrada dessa história seria eu—se não fizesse algo a respeito. Arquitetar a queda dos três homens que, de uma forma ou de outra, pareciam determinados a me destruir, era a única solução. Talvez parecesse cruel, mas era necessário. Somente assim eu me libertaria de suas prisões mentais. Somente assim eu teria a liberdade de escolher quem, se é que alguém, realmente merecia estar ao meu lado. Quando, finalmente, fosse nomeada CEO do conglomerado Gold, todos os olhares estariam sobre mim. Eu não poderia deixar nenhuma ponta solta. E o tempo corria contra mim—tinha apenas alguns dias para resolver tudo. N&atild
Gabrielle Eu sabia que persuadir Murilo seria impossível, mas Gadreel era outra história. Ele tinha uma fraqueza: informações que demonstravam interesse em compartilhar cedo ou tarde sairiam, especialmente sob a pressão certa. — Por que você está aqui? — Questionou Gadreel, enquanto caminhava de volta para dentro do apartamento. — Transferi a reunião para a sala de convenções do prédio — respondeu Murilo, casual, mas com um tom carregado de intenção. — Achou mesmo que eu deixaria vocês dois vasculharem meu território sozinhos? O som da risada de Gadreel reverberou pelo apartamento, e, por um instante, a tensão foi cortada. Eles claramente tinham uma dinâmica peculiar — algo entre rivalidade e camaradagem. Mesmo assim,
Gabrielle Por que estava tão sensível naquele dia? Eu odiava essa versão de mim mesma que tinha descoberto recentemente: humana, vulnerável, real. Estava tão acostumada a encenar, fingir, enganar a todos — e a mim mesma — que, agora que a máscara havia caído, não sabia como recolocar os cacos. Sentia-me exposta, e essa vulnerabilidade me causava repulsa, medo e raiva. Senti meus olhos queimarem. Sério? Eu ia chorar outra vez? Esse era o peso da culpa em saber que ele também seria atingido quando eu agisse? Bem feito para mim. — Eu não mereço essas lágrimas, meu amor — disse ele, limpando minha bochecha com o polegar. — Nenhum de nós merece. — Parece de eu consegui ferrar com tudo. — dei de ombros — E mesmo assim você a
Gabrielle Eles falavam de mim, tão descaradamente, como se eu nem mesmo estivesse ali, ou pior, como se nem se importassem. As duas únicas pessoas que me tratavam como uma mulher normal, ao invés de me colocarem em uma estante para ser admirada, agora estavam em uma discussão acalorada sobre a vida sexual alheia. Sobre a minha. Perdi o foco de meus pensamentos quando ouvir alguma coiso sobre meus gemidos. — Ei! — gritei, minha voz cortando o ar como uma faca. — Eu estou ouvindo, seu filho da mãe! Gadreel se virou para mim, e por um instante, vi algo em seus olhos além da provocação habitual — um lampejo de pena ou talvez irritação genuína. Ele inclinou-se um pouco mais na minha direção, como se quisesse sublinhar o que estava prestes a dizer. — N&at
Gabrielle Observei enquanto ele caminhava para dentro do apartamento, cada passo carregando a confiança de quem parecia sempre saber mais do que revelava. Um sorriso mal contido brincava em seus lábios, como se ele estivesse escondendo algo que não podia ou não queria dizer naquele momento. Era sempre assim com Gadreel. A sensação de que ele guardava a cereja do bolo para quando julgasse mais conveniente. Talvez eu devesse aprender isso com ele — essa habilidade de controlar o momento exato de revelar o que vale a pena. — Está interessada nele — afirmou Murilo, sua voz cortando meus pensamentos com uma calma que soava quase acusatória. — Não de forma romântica — confessei, mantendo meu olhar fixo no dele. — Eu só estou curiosa. Ele não respondeu imediatamente. Ainda sentado aos meus pés na espreguiçadeira, Murilo estendeu a mão com a natural