Conversas Banais e Espaço Na Cama - Parte II

— Corey, entenda uma só coisa: homem casado só dorme na casa de uma mulher que não seja a sua... Uma única mulher e uma única casa.

— Posso saber em qual? — Cruzou os braços e já começou a ficar irritado.

— A da sua mãe, óbvio. No mais, dormir no apartamento da melhor amiga está proibido. É assim que os relacionamentos são, bobão. — Me movimentei para deixar a cumbuca vazia no chão e fingi prestar atenção nas notícias.

dizendo que eu não vou ser bem vindo aqui quando me casar? Você vai me excluir da sua vida? — Agora sim estava irritado.

— É uma das consequências... Eu posso lidar com os boatos de que nós dois transamos, mas não posso lidar com o de que eu serei sua amante. Tudo tem limite. Você continuar vindo aqui só vai fazer as pessoas falarem mais bobagens do que já falam — expliquei, paciente.

— As pessoas que importam sabem muito bem que nunca tivemos nada — replicou em um tom mais alto, indignado.

— A sua noiva agora é uma das pessoas que importam, e ela não tem noção de como funciona a nossa vida, e mesmo que soubesse, não ia concordar jamais. — Olhei para Corey e também aumentei o tom de voz. — Nenhuma mulher quer seu homem dormindo sem camisa na cama de outra, com a tal outra deitada pertinho do corpo dele. Ou seja, ela odiaria a ideia de te imaginar dormindo comigo agarradinha a você. Como as coisas funcionam entre nós dois.

O homem balançou a cabeça em negação, inconformado com minhas palavras. No fundo ele sabia que eu estava certa, afinal, sempre estive.

Se eu dissesse em voz alta que aquele casamento era um erro, ele iria debater mas no final concordaria. Corey sabia que havia feito escolhas por impulso, que não estava certo sobre o que realmente queria. Mal conhecia a garota que pediu em casamento. Mal se conheciam para ter certeza do que estava sentindo por ela.

— Uma vez eu fiz uma promessa — começou, olhando para uma parede qualquer do apartamento, focando em algo fixo. — Eu jurei nunca te deixar, em situação alguma. Prometi que seria o seu Corey para o resto da vida. Então não vou deixar que uma união matrimonial me faça quebrar essa promessa. Se for preciso, se for pra ser desse jeito, eu não dou prosseguimento a isso. Cancelo tudo, pelo simples fato de você ser a pessoa mais importante da minha vida. — Levou seus olhos até mim. — Eu amo você, Chloe, e nunca vou me afastar por motivo nenhum. Será sempre nós dois e nossa dinastia. Ninguém vai ser capaz de acabar com ela.

Engoli em seco digerindo cada palavra que ele disse.

Corey se levantou do sofá, tirando meus pés de cima de si, gentilmente, e andou em direção ao meu quarto, me deixando sozinha com seu caminhão de palavras despejados sobre mim.

Ele teria a capacidade de cancelar o noivado, um futuro casamento e uma vida nova ao lado de uma mulher que aparentemente amava, por mim? Por uma promessa feita a tantos anos atrás, por uma relação que nós criamos e que, realmente, nada poderia quebrar?

Bom, éramos muito parecidos em uma coisa. A fidelidade reinava sobre nós.

Eu jamais deixaria Corey de lado pois o amava e o tinha como minha única base forte diante ao mundo. Não era só por ele ser o meu porto seguro durante todos os anos desde que minha mãe morreu, mas sobre saber que o amor que eu sentia era grande o suficiente para nunca abandoná-lo, assim como ele nunca soltou minha mão quando senti medo e nunca me deixou para trás em situação alguma.

Ele me cuidou sempre, desde que tínhamos cinco anos. Corey nunca havia virado as costas para mim, porque nós éramos a família um do outro. Mesmo que o sangue que corria em nossas veias eram diferentes, nada poderia mudar o fato de que, em alma, tínhamos a maior ligação já existente.

Escorreguei meu corpo pelo estofado e fechei os olhos quando deitei. Respirei forte e inspirei ainda mais pesado. Eu não estaria pronta jamais para lidar com a ausência dele na minha vida, e por um único momento, eu quis incentivar Corey a terminar tudo com a noiva.

Poderia colocar tantos contras em sua cabeça que ele desistiria de tudo, mas eu o amava, sempre amei, e não faria nada que lhe levasse a sofrer.

Corey tomou uma decisão. Ele queria se casar, e eu, como melhor amiga, ia ajudá-lo com isso e com todos os dilemas que viriam a seguir. Porque era esse o meu trabalho. Eu tinha o dever de cuidar dele e de manter sua vida em ordem, mesmo que isso significasse minha ruína e minha dor eterna.

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