Capítulo 45
David Neto Bellerose
A claridade suave da manhã atravessava as cortinas pesadas do quarto de hotel, jogando faixas de luz sobre o corpo pequeno, tranquilo e completamente entregue ao sono que era Lavínia.
Por um momento, eu quis congelar aquilo.
Quis guardar cada detalhe daquela imagem: o cabelo dela espalhado no travesseiro, o rosto relaxado depois da noite que parecia ter remendado nossas feridas, os lençóis enrolados nos pés, o leve sorriso que ela dava quando dormia profundamente.
Eu passei a mão devagar nos fios dela e respirei fundo.
Ela se mexeu, murmurou meu nome, mas não acordou.
E foi exatamente nesse instante que meu celular vibrou na mesinha ao lado.
Só um toque.
Só um aviso.
Mas meu corpo inteiro gelou.
Aquela vibração tinha um peso.
Um aviso silencioso de que nada na nossa vida durava leve por muito tempo.
Estiquei o braço devagar e peguei o aparelho, ainda sem fazer barulho.
E quando vi o nome do meu pai na tela, um aperto tomou meu peito.
Pai.
Àquela hora d