Capítulo 70
James Bellerose
O silêncio no cemitério era quase ensurdecedor. Apenas o vento, passando entre as árvores, e o murmúrio contido dos poucos presentes quebrava a tensão. Eu permanecia de pé, rígido, segurando meu filho David nos braços, sentindo o peso da ausência que mal começava a me consumir.
A cova diante de mim parecia uma lacuna impossível de preencher. Anne Bellerose, minha mãe, minha fortaleza, estava ali dentro, e eu não podia fazer mais nada para mudar isso.
David se encolheu no meu colo, olhando para o buraco escuro, e perguntou em voz baixa, quase temendo sua própria pergunta:
— Papai… a vovó vai acordar?
O aperto no meu peito foi tão brutal que quase perdi o ar. Olhei para ele, tentando manter a voz firme, mas a falha emocional escapou por entre as palavras:
— Não filho… mas ela sempre vai estar com a gente, está bem? Sempre vai estar nos nossos corações.
Ele assentiu, mas podia sentir seu medo, e isso só aumentava o meu. Meu coração se partiu em mil pedaços.