Júlia perambulava pelo prédio como se não tivesse obrigações, como se o trabalho fosse apenas um detalhe irrelevante em seu dia.
A verdade? Boa parte das pessoas se perguntava como ela ainda mantinha o emprego.
Mas Júlia sabia exatamente o que estava fazendo.
Ela sempre soube.
E agora, enquanto cruzava o corredor do RH com passos silenciosos, seu olhar estava fixo num único objetivo.
Ao contrário de outros setores, onde fazia questão de ser notada, ali ela movia-se com discrição. Passou pela mesa de Letícia, vazia, como previa. Provavelmente estava em alguma reunião, o que lhe dava tempo suficiente para o que queria.
Parou diante da porta do supervisor do RH e bateu três vezes.
Batidas pausadas. Conhecidas.
Uma voz rouca respondeu do outro lado.
- Entre.
Júlia abriu a porta e deslizou para dentro, fechando-a atrás de si com um clique suave.
- Oi, amor - disse, um sorriso jogado nos lábios. - Estava com saudades.
O homem atrás da mesa ergueu os olhos do computador, e um sorriso lento s