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Capítulo 4 - O Quarto Proibido

Acordei com a sensação de estar sendo observada.

As pálpebras pesavam como se tivessem sido costuradas, e um gosto metálico tomava minha boca. Quando finalmente consegui abrir os olhos, percebi que não estava mais na floresta. Estava deitada sobre uma cama enorme, coberta por lençóis de linho escuro, em um quarto que definitivamente não pertencia à minha realidade.

As paredes eram de pedra polida, cobertas por tapeçarias antigas. Havia uma lareira acesa, crepitando suavemente, lançando sombras dançantes por todo o cômodo. Um candelabro de ferro pendia do teto abobadado, tremeluzindo com chamas vivas. Era um quarto luxuoso, silencioso e... fechado.

Levantei de súbito. A cabeça latejou com o movimento brusco, mas ignorei. Caminhei até a porta com passos hesitantes e tentei girar a maçaneta. Trancada. Testei mais duas vezes, com mais força, até bater o punho nela com frustração.

— Alguém? — gritei. — Está me ouvindo?

Nenhuma resposta. Só o eco da minha própria voz voltando como zombaria.

Corri até as janelas, mas estavam vedadas com barras de ferro forjado, como se feitas para conter um prisioneiro. E era exatamente isso que eu era. Prisioneira. Meu coração acelerou, e a respiração ficou curta. Fui sequestrada. E eu sabia exatamente por quem.

Antes mesmo que pudesse concluir o pensamento, a porta se abriu com um estalo lento.

Damon entrou.

Ele preencheu o quarto com sua presença imponente. Os cabelos escuros caíam até os ombros em ondas perfeitas, os olhos eram de um vermelho profundo, e seus passos não faziam som algum. Vinha vestido com uma camisa negra de linho fino e uma capa longa que varria o chão de pedra.

— Está se sentindo melhor? — sua voz era um sussurro grave, como se tivesse vindo das sombras.

— Me tira daqui! — gritei, recuando até a beirada da cama. — Você me sequestrou! Por quê?

Ele fechou a porta com calma e caminhou até a lareira, ignorando minhas palavras por um momento. Seus dedos tocaram uma rosa negra no parapeito da lareira, girando-a entre os dedos.

— Eu não tive escolha — disse por fim. — Você estava em perigo. Havia outros olhos naquela floresta. Olhos que teriam feito muito mais do que apenas levá-la.

— E me trancar aqui é sua ideia de proteção?

Ele se virou para mim, os olhos faiscando.

— É minha ideia de manter você viva.

— Você não tem esse direito! Eu quero ir embora! Agora!

Damon caminhou até mim, cada passo como um aviso. Quando parou diante de mim, havia algo diferente em seu olhar. Não apenas fúria ou frieza, mas um traço de dor contida. Como se parte dele odiasse o que estava fazendo.

— Você não entende, Elara. Há forças que despertaram. Sangue foi chamado. E você está no centro disso tudo. Eu não posso deixá-la ir. Não ainda.

— Por quê? Quem sou eu pra você?

Ele hesitou.

Por um instante, parecia que ia dizer a verdade. Mas então apenas se aproximou e disse baixo:

— Você é a peça que faltava. A promessa feita no sangue antigo. A única que pode escolher entre a ruína... ou a redenção.

Minha garganta secou.

— Isso não faz sentido. Você fala em enigmas, como se fosse parte de alguma profecia esquecida.

Ele se aproximou mais. Pude sentir o calor do corpo dele mesmo sem que me tocasse. Seu olhar estava cravado no meu, profundo, perturbador.

— Você sente também, não sente? O chamado. O peso do que está por vir.

Eu queria negar. Queria gritar que ele estava errado. Mas o colar contra meu peito queimava de leve, como se concordasse com ele.

— O que você é? — perguntei, mais suave agora. — O que quer de mim?

Damon se abaixou até ficar na altura dos meus olhos. O mundo inteiro se reduziu àquela distância entre nós.

— Eu sou aquele que deveria estar esquecido. Aquele que foi selado pelo sacrifício de uma mulher como você. E o que quero... — ele passou a mão pelo meu cabelo ruivo com um gesto reverente — é que você não repita o destino dela.

Minhas mãos tremiam.

— Você me mantém presa porque tem medo... ou porque se importa?

Ele desviou os olhos, mas não respondeu.

Em vez disso, se ergueu e caminhou até a porta. Antes de sair, disse:

— A comida virá em breve. E você não precisa ter medo. Ninguém irá machucá-la enquanto estiver sob minha proteção.

— Isso inclui você?

Ele parou. Olhou por cima do ombro com um sorriso torto.

— Eu sou a pior ameaça aqui. Mas, por alguma razão... a única coisa que desejo é proteger você.

E então ele se foi, trancando a porta atrás de si com um estalo suave, deixando-me sozinha, com um milhão de perguntas e o coração descompassado.

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