Murilo estava sentado no canto mais escuro do cativeiro, onde a luz fraca mal alcançava seu corpo. Seus olhos fixos em Estelle, que dormia profundamente, estudavam cada detalhe dela com uma intensidade perturbadora. Observava a respiração calma, o leve tremor dos lábios e os movimentos sutis enquanto ela permanecia impassível. Estava fascinado, quase hipnotizado, como se tentasse decifrar os segredos que ela guardava mesmo em seu estado inconsciente. Mas não podia ignorar os curativos na cabeça, as escoriações no rosto que marcavam o acidente. Cada ferimento era um lembrete doloroso de que Paulo não conseguira protegê-la. Como pudera deixar isso acontecer? Como permitira que ela chegasse a esse estado? A raiva crescia dentro dele, não apenas por Paulo, mas por si mesmo. Que se deixou enganar pelas mentiras do irmão.
— Paulo sempre foi o culpado — murmurou, com os olhos fixos no rosto sereno dela. — Tudo o que está acontecendo agora é por causa dele. Ele fez você acreditar que eram uma