Os dias voltaram a passar. Não com pressa, mas também sem paralisar como antes. O tempo, aquele velho escultor de dores e curas, voltava a fazer seu trabalho. Silencioso. Paciente. Firme.
A praia — aquela mesma onde tudo parecia ter se reiniciado — tornara-se um refúgio. Não apenas um cenário bonito, mas um espaço de reinvenção. Era ali que Estelle, aos poucos, reaprendia a respirar. Não como quem foge do passado, mas como quem aceita que certas memórias são parte de si, mesmo que doam.
Pablo agora corria com os pés firmes, o riso solto, os braços livres. Já não olhava para trás com medo de sombras. Às vezes, tropeçava nos próprios passos, mas levantava sozinho. Forte. E toda vez que isso acontecia, Estelle sabia: ele estava curado daquilo que um dia tentou quebrá-lo.
Com Murilo, a reconstrução era feita em silêncio. Tijolo por tijolo. Sem promessas grandiosas, apenas a certeza de que estariam ali um para o outro — ainda que em dias cinzentos. Não voltaram a ser o casal de antes, porqu