A manhã chegou encontrando Estelle acordada. O sonho que tivera com Paulo havia tirado seu sono. No sonho, ele não dizia uma palavra. Apenas a olhava com olhos reprovativos, como se a acusasse silenciosamente por suas atitudes. Tentou voltar a dormir, mas toda vez que fechava os olhos, a imagem dele surgia, vívida e incômoda.
— Não vou deixar você comandar minha vida, Paulo. Você está morto — murmurou para si mesma, jogando as cobertas para o lado.
Levantou-se e desceu para tomar uma xícara de café. Depois foi até a lavanderia. A vizinhança ainda estava envolta no silêncio preguiçoso de um domingo. As janelas do cômodo deixavam entrar uma luz pálida e difusa, que tornava o ambiente quase etéreo, como se o tempo estivesse suspenso.
Estelle terminava de dobrar algumas roupas quando ouviu o som de passos suaves no corredor. Era Pablo.
— Mãe? — A voz ainda guardava traços de infância, mas os olhos... os olhos já começavam a fazer perguntas que o coração dela não sabia respo