Paulo acordou ainda sentindo o efeito do tranquilizante. A cabeça parecia oca, e o corpo flutuava em uma estranha leveza. A dor na perna, ao menos, havia diminuído. Olhou para a mesinha ao lado da cama e viu que a comida havia sido substituída por um café da manhã simples. Sentou-se devagar, começou a comer com pressa e percebeu que a fome era maior do que imaginava. Cada mordida no pãozinho parecia acordá-lo um pouco mais, mas a névoa em sua mente ainda não se dissipava. A confusão persistia, e ele lutava para se sentir realmente desperto.
A porta se abriu devagar, e a cabeça de um homem surgiu na pequena abertura. Ao ver Paulo acordado, ele entrou sem pedir licença. Imediatamente, Paulo ficou apreensivo. O homem era um policial — alto, forte, com uma postura que denunciava anos de experiência. Mas não era sua aparência que incomodava Paulo. Era o motivo de sua presença.
— Senhor Paulo, sou o delegado Eduardo Vasconcelos, da delegacia de desaparecidos — disse o