O latejar na minha cabeça é insuportável.
Ouço um gemido — talvez meu mesmo — e minhas pálpebras ardem. Abrir os olhos é tortura.
A luz é fraca. Tento me sentar e o mundo balança, cada batida do coração parece mais uma martelada na minha cabeça. Demoro a entender que não conheço essas paredes de madeira, esse teto de madeira, essa cama baixa de lençóis brancos.
O ar tem cheiro de umidade e mato.
Grilos cricrilando. Coaxar de sapos. E nada mais.
Me levanto devagar e vou até a janela estreita, mas lá fora tudo é escuridão. Uma floresta, talvez. Uma cabana?
Olho para baixo, meu corpo está coberto por um vestido curto, colado, e botas de salto. Essas roupas não são minhas.
Alguma festa? Me drogaram? O pânico vem tão rápido que minhas mãos gelam antes mesmo de eu concluir qualquer coisa. Meu coração dispara como um animal em fuga.
A adrenalina vence a dor de cabeça e eu reviro o quarto: nenhuma bolsa, nenhum celular.
Brinna! Ela deve estar por perto. Se eu fui a uma festa, só pode ter sid