O sol de Roma tingia de dourado as sacadas do prédio onde Fernando e Isadora estavam. O clima quente da tarde não impedia que uma brisa leve entrasse pelas janelas entreabertas, fazendo as cortinas se moverem suavemente. Na sala, Isadora estava deitada no sofá, um travesseiro entre as pernas, assistindo a um programa bobo de culinária. Os pés levemente inchados descansavam sobre uma almofada, e um pote com frutas estava ao lado.
Assim que a porta se abriu, ela ergueu o olhar e sorriu — aquele sorriso doce e apaixonado que só Isadora sabia dar para ele. O sorriso que fazia Fernando esquecer por segundos que havia passado a tarde mergulhado em sangue e traição.
— Achei que ia demorar mais, meu amor — ela disse, colocando o controle remoto de lado.
Fernando entrou com o semblante tenso, mas ao vê-la ali, tranquila, sentiu a raiva suavizar. Caminhou até ela, se abaixou e beijou sua testa, depois sua barriga.
— Eu precisava resolver umas coisas... — respondeu, sua voz um pouco mais suave.