Capítulo 170
Rúbia
A roupa foi encontrando o chão sem pressa. Nada de gesto bruto, nada de rompante que mais machuca do que aproxima; o que a gente tinha naquela manhã era um ritual de recomeço. O zíper dele correu com um som discreto. O tecido deslizou pela pele. O corpo respirou melhor.
Ele segurou meu cabelo entre os dedos, erguendo de leve a minha cabeça. A boca dele encontrou o lado mais sensível do meu pescoço, intercalando beijo e mordida curta. O calor espalhou rápido, uma onda que desceu, contornou, voltou. A minha mão apertou o ombro dele e a outra procurou a cintura, aproximando. Eu gemi baixo — mais um “estou aqui” do que um pedido.
As mãos dele sabiam o caminho dos meus contornos — não só como quem domina, mas como quem reconhece. Subiam e desciam num compasso que não solicitava pressa. A ponta dos dedos circulou pela curva dos meus lados, encontrou abrigo nos meus ombros, desceu pela linha do meu abdômen, sempre por cima. Eu dizia que "sim" com o corpo, ar