Alberto Village conheceu de perto a dor da traição e se apaixonar outra vez com certeza não estava em seus planos. Após uma temporada em Paris para afastar seus pensamentos da única mulher que amou na vida e que lhe destruiu da forma mais sórdida possível, ele precisa voltar para o Rio de Janeiro para o casamento do seu irmão caçula, Alex Village. "De volta ao poder" Ele pensou. "Como senti saudades disso!" Entretanto, Alberto não contava com o fato de encontrar a sua secretária, Valquíria Drummond em um momento doloroso de sua vida. Seu instinto de proteção é imediatamente ativado e Alberto já não consegue deixá-la sozinha. * Duas vidas completamente opostas. * Dois corações quebrados. * E um amor improvável. Venha mergulhar na intensidade do mais um livro da Série Amores Improváveis, da autora Nalva Martins.
Leer másAlberto
QUANDO TUDO COMEÇOU.
Acordo meio atordoado e abro os meus olhos com dificuldade. Imediatamente a minha cabeça começa a latejar e sinto minha boca seca. Noto que ainda estou deitado no tapete do meu quarto e forço-me a levantar do chão. Meu corpo inteiro está dolorido. Com um rosnado estrangulado, olho ao redor do cômodo e observo os vestígios dos meus momentos mais insanos. Seu perfume derramado pelo chão, pedaços de suas roupas espalhados por todo o lugar e algumas joias destruídas.
Com pesar, seguro um pequeno broxe de pedrinhas verdes em formato de uma borboleta e deslizo o meu polegar pelo objeto delicado por algum tempo. A recordação do nosso encontro casual me vem a memória no mesmo instante.
(...)
— Vamos mamãe, tenho certeza de que a senhora vai amar esse restaurante! — comentei, tentando animá-la.
Desde que papai faleceu a dois anos e meio, Clara Village perdeu o gosto pela vida. Então eu e meu irmão Alex nos revezamos em passeios para que ela não se sinta sozinha. Na entrada do restaurante, alguém esbarrou forte contra o meu corpo e vi a jovem quase indo ao chão, devido ao impacto da colisão. Segurei firme a garota pela cintura e nossos olhos se encontram de um jeito impactante.
— Desculpe! — Ela sibilou, sentindo-se constrangida. Por algum motivo, aquilo me fez sorri. — Eu não o vi se aproximar.
— Não tem problema… — Esperei que se apresentasse para concluir a minha frase.
— Ângela, Ângela Simões.
— Ângela. O nome faz jus a pessoa. Parece um anjo — comentei. Ela sorriu.
— Me chamo Alberto Village, e esta, é a minha mãe, Clara Village. — Por algum motivo, a garota parecia apressada.
— Me desculpe, Alberto. Posso chamá-lo assim, não é?
— Claro.
— Eu preciso que ir, estou atrasada.
— Tudo bem, senhorita, Simões…
— Ângela, me chame apenas de Ângela.
— Tudo bem, Ângela! — Seu sorriso se ampliou e ele era… lindo! Então ela faz um gesto e eu concordei, dando-lhe passagem. Contudo, quando passou por mim, olhou para trás e me sorriu outra vez.
(...)
Falsa! Ordinária! Traidora de merda! Resmungo frustrado e aperto o broxe na palma da minha mão. Você desgraçou com a minha vida! Com um rugido forte, por conta da dor infernal, levanto-me do chão e vou para o banheiro. Faço minha higiene bucal no automático e quando termino, encaro o homem do outro lado do espelho. Eu não me reconheço nele. É um homem sem vida, sem alegria, vazio e sem expectativas. Abro o chuveiro e deixo a água morna banhar o meu corpo.
Tenho vontade de chorar, mas me recuso a derramar mais uma lágrima por ela. Não mais, nunca mais!
Minutos depois, pego minha mala e vou para porta de saída do meu quarto, mas antes de sair, dou mais uma olhada naquela imagem patética e saio fechando a porta atrás de mim. São seis da manhã e todos ainda devem estar dormindo. Entro no escritório da casa e ligo o computador. Primeiro, envio uma mensagem para Valquíria, minha assistente e explico que preciso me ausentar por tempo indeterminado, e deixarei Alex, meu irmão, assumindo o meu lugar na presidente da Village Exportation Ltda.
Conto com seu auxílio nessa nova jornada com meu irmão caçula, já que sua experiência é resumida as funções de CEO. Depois, envio várias mensagens paras nossos sócios e acionistas, dando-lhes uma desculpa plausível para minha ausência repentina e quando termino, vou até o bar de canto e me sirvo um copo de uísque. Bebo de uma só vez, o líquido, que em nada diminui a dor em meu peito. Acredito que nada conseguirá tirar essa dor de dentro de mim.
Terei que aprender a conviver com ela.
Encho o meu copo mais uma vez e vou para sala, enquanto tomo um gole da bebida e Alex aparece no topo da escadaria. Ele me lança um olhar especulativo, olha para o copo em minha mão, mas não diz nada, apenas caminha em minha direção.
— Você está bem? — pergunta. Sinto um pouco de receio em sua voz e isso me deixa com mais raiva ainda. Não quero a pena dele, eu não preciso disso.
— Vou viajar — aviso com um tom áspero, ignorando a sua pergunta. Só então ele percebe a minha mala no canto da parede.
— Para onde você vai, Bel? E a empresa?
— Já falei com Valquíria, você assume o meu cargo por enquanto.
— Mas…
— Alex, eu preciso de um tempo só pra mim. Preciso reorganizar minha cabeça e não conseguirei fazer isso dentro daquelas paredes. — O interrompo. Relutante, ele assente. — Prometo que ligarei pra você diariamente. Valquíria vai ajudá-lo no que for preciso — falo. Meu irmão me abraça e eu retribuo o seu gesto. Entretanto, minha vontade agora é de sumir desse lugar, de desaparecer no mundo.
— Estarei aqui para você, sabe disso, não é? — sussurra se afastando e me olha nos olhos. Apenas balanço a cabeça em um gesto positivo. Meus olhos estão queimando com as lágrimas que insistem em querer derramar. Respiro fundo, pego a minha mala e sigo para o aeroporto.
…
— Sabe, estive te olhando a algum tempo… — comentei. Ela se virou de frente para mim. Seus cabelos ruivos e longos se balançam com o movimento. Então me lançou um olhar surpresa, que me fez rir.
— Ah, você por aqui? Que surpresa!
— Pois é! É aniversário de um dos meus sócios. Você está acompanhada?
— Sim, vim acompanhando do meu primo Santiago. — Ângela apontou para um jovem do outro lado do salão conversando com alguns empresários do ramo hoteleiro. Volto o meu olhar para ela e sorrio.
— Ângela, não é? — perguntei. Ela assentiu. — Me dá o prazer dessa dança? — Convidei e fui agraciado por mais um sorriso. Esse além de lindo, era sedutor.
— Claro! — Ela segurou a minha mão estendida e eu a guiei para a pista de dança.
— Devo dizer que você está perigosamente linda essa noite! — sussurrei no seu ouvido. A garota afastou o seu rosto do meu e me olhou com um brilho nos olhos. Seus lindos olhos verdes me prenderam e parecia revelar os meus maiores segredos.
— Obrigada, Alberto! — sussurrou de volta e inevitavelmente, sorri largamente.
— Você lembrou.
— Como esquecer um nome tão forte e um homem como você? — Arqueei as sobrancelhas curioso com o seu comentário.
— Um homem como eu?
— Você é um homem muito sexy, Alberto. É elegante e determinado, e sabe o que quer — disse com um tom baixo e devo dizer que rouco também.
— Como pode dizer com tanta precisão tudo isso de um homem em apenas um esbarrão e uma dança? — Brinquei. Ela me abriu mais um sorriso sedutor e tocou o meu rosto apenas com o indicador. O simples toque me causou um frisson.
— Sou boa em ler as pessoas.
…
— Senhor? Senhor? — Acordo com a aeromoça do meu lado me chamando.
— Sim? — falo me ajeitando no banco.
— Iremos aterrissar em alguns minutos, por favor aperte o seu cinto!
— Claro, obrigado! — digo atordoado. Respiro fundo, lembrando do sonho que acabara de ter. Suas últimas palavras martelaram dentro da minha cabeça.
Sou boa em ler as pessoas.
— E com certeza você leu a palavra “trouxa” em minha testa! — rosno para mim mesmo.
Olho pela pequena janela do avião e encontro um dia está claro e sem nuvens. Daqui é possível ver uma Paris minúscula lá embaixo. Como a aeromoça avisou, em alguns minutos aterrissamos em solo francês. No aeroporto, faço o checkout, pego minha mala na esteira e caminho direto para um ponto de táxi. Paço o endereço do hotel onde fiz minha reserva e logo estamos no trânsito. Penso na noite passada, em suas palavras sedutoras dirigidas ao meu irmão, trancados naquele maldito escritório.
As imagens do seu corpo colado ao dele, enquanto o seduzia me invadem a minha mente e as lágrimas querem vir à tona. E mais uma vez não permito.
— Não vou chorar, não por você. Nunca mais! — sussurro para ninguém em especial e observo através da janela do carro as pessoas andando apressadas pelas calçadas, praticamente se esbarrando umas nas outras e respiro fundo mais uma vez.
— Nous sommes arrivés, mossieur. — O motorista avisa que chegamos.
— Merci! — digo e pago a corrida. Um empregado do hotel se aproxima para pegar a minha mala, assim que saio do carro e sigo para o elegante hall do hotel Valbecour. — Bonne après-midi! Jai une réservation ao nom d'Alberto Village — aviso para a moça atrás do balcão.
— Oh! Oui M. Village! Voici votre clé.
— Merci! — Pego o cartão-chave em seguida e sigo para o elevador.
Enquanto aguardo o meu andar, olho para os números vermelhos acima da minha cabeça para passar o tempo. Em alguns segundos estou no vigésimo andar, em frente ao quarto 3.400, passo o cartão na porta e entro. O rapaz deixa a minha mala em um canto de parede, no quarto e lhe dou uma gorda gorjeta.
— Merci, mossieur! — Ele sai sorridente.
Val— Bom dia, Valquíria! — Katy diz assim que entra em meu consultório.Ela é estudante de veterinária e minha assistente a dois anos também. Katy tem apenas dezoito anos, é loira e tem a minha estatura. É muito ágil e inteligente.— Encontrei esses bichinhos atoa na grama da praça, quando vinha para cá — fala e tira três filhotes de gatos brancos com manchinhas pretas espalhadas por todo o corpo de dentro da sua bolsa. — Posso pôr na gaiola de doação? — pede lançando-me um par de olhos pidões e fazendo uma carinha de cachorro sem dono.Seu drama me faz abrir um sorriso complacente, pois, sei o quanto é apaixonada por esses animais e não suporta vê-los abandonados nas ruas ou sendo maltratados.— Não precisava nem perguntar, você sabe que pode colocá-los lá — resmungo para a garota, fingindo indiferença satisfeita.O sorriso que abre em seguida é uma grande satisfação para mim.— Obrigada, doutora! — diz e me dá as costas.Olho as horas no relógio em formato de patinha de cachorro qu
AlbertoPrimeira Parte.Dez anos depois…Chego em casa depois de um dia cheio no escritório e como de costume, sou recebido com abraços eufóricos e muitos beijos da minha família. Amanhã Valter completará dez anos. Sim, já está um rapazinho enorme, e é um garoto muito inteligente, e muito esperto também. É interessante dizer o quanto se parece com sua mãe e que tem olhos claros dela, porém, sua pele é morena como a minha.— Papai! Papai!Essa linda voz infantil e feminina é da Raquel, minha filha caçula. Ela tem apenas seis anos. O contrário de Valter, ela tem os cabelos finos e cacheados nas pontas, que caem como uma linda cascata, batendo na sua cintura. É uma garotinha cheia de vida e adora falar.— Vem ver o que compramos para o aniversário de Valter, vem papai! — Ela insiste, puxando-me pela mão direto para a sala de visitas. Minha linda esposa sai da cozinha com a nossa Clarinha nos braços. Observo seus cabelos agora mais compridos e escuros, realçando seus olhos claros e com
ValAlberto está certo. Não devo adiar o meu momento por uma desvairada, obcecada pelo meu noivo. Penso, olhando-me no espelho de corpo inteiro e sorrio satisfeita para a minha aparência saudável. Minutos depois, estou com as meninas no carro de tia Kell que é bem maior e confortável. Depois de um almoço delicioso e balanceado em um SPA, estou pronta para uma maravilhosa e relaxante sessão massagem, seguido de um banho perfumado com óleos aromáticos e depois, para um mega salão de beleza. A animação de Amanda a e de tia Kell mantém os meus problemas e os últimos acontecimentos bem distantes da minha mente e eu realmente consigo aproveitar o meu dia de princesa.Horas depois, estou devidamente maquiada, meus cabelos estão soltos e cacheados. São cachos largos e dourados que caem em meus ombros. Uma linda coroa de jasmins brancos e fitas de cetim adornam a minha cabeça e o singelo buquê, feito com as mesmas flores também estão atadas com fitas brancas, em minhas mãos, próximas ao meu ve
ValEm algum momento meu celular começa a tocar. Irrigada, observo o número desconhecido e olhos para as meninas. Elas parecem em expectativa.— Não vai atender? — Tia Kell pergunta. Balbucio.— É que… Eu não conheço o número — falo com desdém e atendo em seguida. — Alô?— Aproveitando o seu dia de princesa? — Uma voz feminina indaga do outro lado da linha. As meninas erguem as sobrancelhas. Engulo em seco e continuo.— Quem está falando?— Aproveite o seu dia, querida, será o único dia feliz da sua vida. — Estremeço por dentro.— Quem é? — insisto, alterando a minha voz. Ela rir.— Sou o mensageiro da morte. Da sua morte!Nervosa, deixo o celular cair ao chão. Amanda se aproxima imediatamente e pega o aparelho. Gisele e Kell me ajudam a sentar no sofá, e Alzira sai da sala apressadamente, voltando em segundos com mais uma xícara de chá.— Desligou! — Escuto a voz de Amanda um tanto distante. — Quem era, Val? O que te disseram para te deixar desse jeito? — Ela inquire. Entretanto, não
ValAlgumas semanas depois…E saber que aos quinze anos desacreditei de tudo. Para mim não existia mais príncipes encantados, montados em seus cavalos brancos, ou fadas madrinhas que realizavam os desejos da pobre garota romântica e sonhadora, nem mesmo bailes, onde a humilde e bela garota se tornaria a mais belas das princesas. Simplesmente desacreditei do amor puro e sublime, da felicidade plena e passei a acreditar que a vida era um parque de horrores, escuro e cheio de medo. Meu Deus, como pude me tornar tão incrédula assim? Como pude aceitar de bom grado a maldade das pessoas e do mundo e me esqueci de sonhar?Este é o meu conto de fadas, onde o meu príncipe encantado não veio montado em um cavalo branco, mas ele é totalmente apaixonado por mim e eu tenho não só uma e sim, muitas fadas madrinhas dispostas a realizar os meus maiores desejos.— Olha esse Val. Ele é lindo e combina perfeitamente com a sua estatura. — Gisele, a mãe de Amanda diz me tirando dos meus pensamentos. Ela põ
Alberto— Claro senhor!— Obrigado! — Ligo o carro e dirijo para minha casa.Procuro Val nos cômodos da casa, Alzira aparece na sala e me beijando rosto e me tranquiliza.— Ela está no quarto que será do bebê. — Assinto e me dirijo as escadas. — Alberto? — Alzira me chama e eu volto meu olhar para ela. — Está acontecendo alguma coisa?— Não, por quê?— Você parece nervoso.— Não Alzira, eu estou bem! — Ela concorda, mas não parece convencida.Abro um pouco o quarto de hóspedes e encontro a minha noiva de pé, em frente a janela. Seus olhos estão fechados e um sorriso lindo enfeita o seu rosto. Ela acaricia a barriga ainda plana. É como se ela se comunicasse com o nosso bebê sem dizer uma palavra. Essa visão me acalma, dissipa todas as minhas preocupações e me faz sorri. Ela não fala muito sobre a gravidez, mas sei que está tão ansiosa quanto eu. Amanhã teremos a primeira consulta com o obstetra e consequente a primeiro ultrassom. Estou nervoso, ansioso, louco para ver o nosso bebê.— Be
Último capítulo