Gian Carlo
Não consigo fechar os olhos. É mais uma noite em claro, em que o silêncio do meu quarto parece amplificar o barulho dentro da minha cabeça. Tudo está confuso. Me levanto, sem rumo, os pés me guiando automaticamente até o quarto de Maria. Não sei exatamente o que espero encontrar, mas algo me impele a ir até ela.
Abro a porta devagar, sem fazer barulho. Maria está acordada, sentada na cama com as pernas dobradas contra o peito. Ela me olha, surpresa no início, mas logo seus olhos são preenchidos por algo mais profundo, algo que eu não consigo decifrar.
— Você também não consegue dormir? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.
Ela suspira, desviando o olhar.
— Estou pensando. Pensando demais.
Eu me aproximo e sento ao lado dela na cama.
— No quê?
— Em nós. Em você, para ser mais exata. — Sua voz é firme, mas eu percebo a vulnerabilidade escondida nas entrelinhas.
Fico em silêncio, esperando que ela continue. Maria cruza os braços e encara o nada, como se buscar palavras f