Marvila ficou vermelha com o comentário. Não sabia se agradecia ou se se escondia. Tocou a barriga como se quisesse protegê-la dos olhos de Dom.
— Sorte... não sei. — murmurou.
— Só sei que, quando olho para ela, sinto medo e esperança ao mesmo tempo. Uma força da natureza e uma companhia.
Dom respirou fundo. O jeito dela falar lhe lembrava Ana Carolina, que dizia quase as mesmas palavras quando a gravidez deles ainda era um sonho distante. Ele desviou o olhar, engolindo a emoção, e mudou de assunto:
— Vou preparar um chá de erva doce, capim santo. Vai te ajudar a dormir melhor.
Marvila sorriu, envergonhada.
— Eu me viro. Já fiz você perder o sono demais.
Ele colocou a caneca no fogo, ignorando a tentativa dela de se afastar.
— Você não entende, Marvila. Cuidar de você... tem me feito lembrar que eu ainda estou vivo.
As palavras ficaram suspensas no ar. Marvila o olhou, surpresa, e depois abaixou os olhos, apertando os lábios. Não queria se apegar, mas algo dentro dela amolecia com ca