Marvila segurava o pote grande de sorvete cheio de coberturas e se sentou com Dom à sombra de uma árvore na praça. Ele preferiu um picolé simples, mordendo distraidamente enquanto a observava. O silêncio entre eles era denso, e o sorvete de Marvila começou a derreter, escorrendo pela colher e caindo sobre sua barriga.
As palavras de Dom ecoavam em sua mente como uma promessa e, ao mesmo tempo, como um peso. Ele falava com uma certeza que a confundia, a certeza de um homem que já havia desistido de si, mas que, ainda assim, estava disposto a lutar por ela e pelo bebê.
— Dom… — ela murmurou, com a voz trêmula.
— Sobre a festa… eu tenho vergonha. Isso é um erro, se expor.
Ele parou, pegou um guardanapo, sem hesitar, limpou com cuidado a barriga dela, retirando o sorvete que escorria. Depois, a olhou nos olhos com uma seriedade que quase a deixou sem ar.
— Eu já cometi muitos erros, Marvila. Mas você não é um deles. — disse firme, com a voz carregada de verdade.
— Você é a chance de fazer