A luz que entrava pelas grandes janelas da biblioteca pintava o chão com tons dourados, aquecendo o ambiente silencioso como um cobertor invisível. Eu havia perdido a noção do tempo novamente entre os livros. Cada página virada era uma tentativa desesperada de escapar da realidade ao meu redor — a mansão, a ausência de liberdade, e principalmente, a presença de Dante Morelli em minha mente.
Foi então que sua voz cortou o silêncio, baixa e grave, tão inesperada quanto uma tempestade em céu limpo:
— Pretende ficar cega de tanto ler?
Levantei os olhos, tentando esconder o pequeno sobressalto que sua chegada causara. Ele estava encostado no batente da porta, com aquele ar de superioridade preguiçosa, como se pertencesse a todos os lugares ao mesmo tempo — especialmente aos que eu ocupava.
— Prefiro isso a olhar para sua cara. — respondi, arqueando uma sobrancelha, um meio sorriso dançando em meus lábios.
Seus olhos brilharam com o desafio, e por um momento, o silêncio entre nós pareceu pu