(Dante)
A manhã estava morna, o sol já alto no céu claro. Sentei-me à cabeceira da longa mesa da sala de jantar, o jornal aberto à minha frente, mas os olhos presos à porta. As xícaras de porcelana estavam dispostas com perfeição, o café servido e os pães ainda exalavam o aroma quente da fornada. Tudo como deveria estar.
Exceto por ela.
Alina.
O lugar à minha direita permanecia vazio. Aquele que, nos últimos dias, ela vinha ocupando com relutância e olhares desafiadores. Mas ainda assim, vinha. Hoje, não.
— Rosete — chamei, sem levantar o tom.
A governanta apareceu quase de imediato, sempre pontual, como se esperasse meus comandos com antecedência.
— Senhor Morelli? — disse, com um leve aceno de cabeça.
— Ela ainda não desceu? — perguntei, embora já soubesse a resposta.
— Não, senhor. — Ela hesitou. — Bati algumas vezes, mas não respondeu.
Suspirei, dobrando o jornal com um estalo e jogando-o sobre a mesa. A imagem de Alina me veio à mente, trancada naquele quarto como se mais nada im