Capítulo 3
LUMINA

— Mamãe, papai vai mesmo vir no meu aniversário?

Os olhos esperançosos do Ollie partiram meu coração enquanto o ajudava a vestir o casaco.

Era mais uma consulta médica, o que significava mais um dia de exames e olhares preocupados de profissionais médicos que não conseguiam descobrir o que estava drenando a vida do meu filho.

— Ele prometeu, querido — disse, ajustando seu cachecol e sacudindo-o também. Estava muito frio para essa época do ano, e a condição do Ollie o deixava sensível às mudanças de temperatura e muito mais fraco também.

— Como prometeu da última vez? — declarou, embora não soasse como uma acusação, apenas uma realidade firme que carregava decepção no tom.

Me ajoelhei, pegando suas pequenas mãos nas minhas. — Vou garantir que ele esteja lá. Esse vai ser seu melhor aniversário de todos.

Seu sorriso, embora mais fraco do que costumava ser, preencheu seu rosto pálido enquanto parecia esperançoso. — Podemos ter bolo de chocolate com dinossauros?

— Absolutamente. E sorvete também.

— E o Riley vai estar lá? — a pergunta me fez congelar enquanto parei no lugar.

— Você... você quer que Riley venha?

Ollie deu de ombros, olhando para seus sapatos. — Talvez se Riley vier, papai fique mais tempo.

Fiquei magoada com a percepção de que Ollie tinha chegado à conclusão do que era verdadeiramente precioso para Xen. Que ele poderia passar algum tempo com o pai apenas se dividisse com Riley.

— Vamos ver — consegui dizer pegando sua mão. — Não vamos deixar o Dra. Martinez esperando.

O hospital estava quieto para uma manhã de quinta-feira. Dra. Martinez, uma mulher pequena com olhos azuis gentis que se tornou nossa ajuda e apoio mais confiáveis nos últimos meses, estava nos esperando.

— Olá, garoto corajoso — cumprimentou Ollie com um toque de mãos que ele retribuiu. — Pronto para nossa aventura hoje?

Ollie acenou com a cabeça embora não parecesse nem um pouco feliz. Ele tinha se tornado muito familiar com essas "aventuras".

Enquanto uma enfermeira levou Ollie para colher sangue, Dra. Martinez me puxou de lado.

— Conversei com um colega das Matilhas do Norte — disse baixinho. — Ele é muito conhecedor de doenças mágicas. Baseado nos sintomas do Ollie, ele acha que isso pode ser um sifão de energia.

— Um o quê?

— Uma conexão mágica que drena força vital de um ser para outro. São raras, geralmente magia proibida. Ollie esteve perto de alguém novo no último ano que poderia ter razão para machucá-lo?

Imediatamente pensei em Sophia e Riley. A chegada deles na matilha combinava perfeitamente com o início da doença misteriosa do Ollie.

— Tem a... amiga do meu marido. E o filho dela.

Os olhos da Dra. Martinez escureceram enquanto estreitou os olhos. — Os rumores sobre o Alfa e sua—

— Sim — a cortei, não precisando ouvir isso falado em voz alta. — Eles chegaram na matilha há cerca de um ano. Foi quando Ollie começou a ficar doente.

— Preciso conhecê-los. Observá-los com Ollie. Se há um sifão, seria mais forte quando estão próximos.

Acenei, já lamentando e não esperando a conversa com Xenois. Ele era muito protetor de Sophia e Riley, desdenhoso de qualquer sugestão de que eles poderiam não ser tão inocentes quanto ele pensava que eram.

Mais tarde naquela noite, depois de colocar Ollie na cama cedo — ele estava exausto da visita ao hospital — fiquei surpresa ao ouvir o carro do Xen na garagem. Ele mal chegava em casa antes das dez nesses dias.

Ele entrou parecendo cansado, e mais exausto do que eu o tinha visto há um tempo. Por um momento, me lembrei do homem com quem me casei. Antes do retorno da Sophia tê-lo transformado em algo que eu mal reconhecia.

— Você chegou cedo — disse, colocando de lado os relatórios médicos que estava revisando.

— Pensei em ver como está o Ollie — ele afrouxou a gravata, seus olhos se movendo em direção às escadas. — Como foi a consulta médica?

— Eles ainda não sabem o que está errado — hesitei por um momento, me perguntando se deveria contar para ele, então continuei. — Dra. Martinez acha que pode ser de natureza mágica. Um sifão de energia.

Xenois franziu a testa depois de ouvir isso. — Essa é magia séria. Quem atacaria uma criança?

— Ela quer observar Ollie com Sophia e Riley. Para ver se há uma conexão.

Ele se fechou imediatamente enquanto pude ver a fúria que estava escrita por todo seu rosto enquanto se retesou balançando a cabeça.

— Absolutamente não. Você não pode pensar que Sophia machucaria nosso filho.

— Não estou acusando ninguém. Mas Ollie ficou doente quando eles chegaram, e está piorando a cada dia. Não posso esperar mais e assistir ele morrer diante dos meus olhos. Precisamos considerar toda possibilidade.

— Não — ele rosnou enquanto seus olhos brilharam vermelhos por um momento antes de continuar falando em seu tom de Alfa. — Sophia e Riley estão sob minha proteção. Não vou permitir que sejam submetidos à suspeita e testes como criminosos comuns.

Me levantei, raiva inundando meu corpo enquanto cerrei os punhos tentando me controlar para não explodir. — Nosso filho está morrendo, Xenois! Enquanto você está brincando de família feliz com outra mulher e o filho dela, sua própria carne e sangue está se esvaindo!

Por um momento, ele pareceu magoado e eu pude sentir a conexão entre nós, ele estava machucado pelas minhas palavras. Esta foi a primeira vez que senti qualquer emoção forte do Xen desde que Riley e Sophia chegaram aqui.

— Ele não está morrendo — disse, mas soou incerto das suas palavras.

— Venha ver por si mesmo. Quando foi a última vez que realmente olhou para ele? Ele está pálido, magro, e constantemente cansado. Os médicos estão ficando sem opções.

Xen passou a mão pelo cabelo, conflituoso enquanto falava. — Tenho responsabilidades, Lumina. A matilha, a empresa, a cidade—

— E quanto à sua responsabilidade com seu filho? — me aproximei dele, procurando em seu rosto qualquer pequeno reconhecimento do homem que eu amava e respeitava.

— O aniversário do Ollie é semana que vem. Ele tem contado para todo mundo que o papai prometeu estar lá.

Seus olhos desviaram dos meus enquanto olhou para longe. Estavam cheios de algo? Incerteza? Culpa? Ou era porque o aniversário do Riley era no mesmo dia?

— Vou estar lá — disse finalmente. — Prometi para ele.

— O dia todo — insisti balançando a cabeça.

— Não apenas uma hora antes de você correr para a festa do Riley.

Sua cabeça se ergueu enquanto arregalou os olhos em surpresa. — Como soube disso?

— Esta é uma matilha pequena, Xen. As pessoas falam — cruzei os braços. — Ollie merece um dia onde ele vem em primeiro lugar.

Ele ficou quieto enquanto pude ver a luta interna pela qual estava passando, que era aparente em seu rosto. Então acenou uma vez. — Vou estar lá para Ollie. O dia todo.
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