Xenois
A sala de reuniões estava silenciosa enquanto terminei minha apresentação.
Doze pares de olhos me observavam expectantes, esperando que o Alfa e CEO os dispensasse.
Acenei uma vez, e eles saíram, me deixando sozinho com o CFO, Thorne.
— O novo projeto de desenvolvimento parece promissor — disse, juntando seus papéis enquanto se levantava da cadeira.
— Embora o prazo esteja apertado com o evento de arrecadação da prefeitura no mês que vem.
— Vamos dar um jeito — respondi distraído, minha mente estava em outro lugar.
A conversa com Lumina da noite anterior continuava se repetindo na minha cabeça.
Nosso filho está morrendo.
Fui ao quarto do Ollie depois que ela foi dormir, observando-o dormir.
Sua respiração parecia mais pesada que o normal, seu pequeno corpo muito quieto sob o cobertor de dinossauro.
Ele sempre foi assim tão pálido? Tão magro?
— Xen? Você está ouvindo?
Pisquei, focando no Thorne enquanto balancei a cabeça.
— Desculpa. O que estava dizendo?
— Perguntei sobre a situação com Sophia Kingston. O conselho da matilha está... preocupado.
Cerrei os dentes sentindo raiva protetiva às suas palavras enquanto falei. — Os assuntos pessoais da Sophia não são problema do conselho.
— Quando o Alfa passa mais tempo com outra mulher do que com sua Luna, vira problema da matilha — Thorne era meu melhor amigo, o que o fazia falar claramente.
— As pessoas falam, Xen. Estão questionando seu julgamento.
— Deixe-as falar — me levantei, sinalizando o fim da conversa. — Tenho outra reunião.
Na verdade, estava indo para a escola do Riley.
Sua professora tinha ligado para Sophia sobre alguns problemas de comportamento, e ela me pediu para ir.
Parecia certo dizer sim, embora uma voz culpada me lembrasse que nunca compareci a nenhuma reunião escolar do Ollie.
Enquanto dirigia para a escola do Riley, meu telefone tocou.
Era Lumina. Hesitei antes de atender.
— Estou ocupado, Lumina. Isso pode esperar?
— É sobre o Ollie — sua voz soava assustada e tremula, embora eu pudesse ouvir como tentava soar controlada. — Ele desmaiou na escola. Estamos no hospital.
Senti medo descendo pela minha espinha enquanto apertei o volante. — Ele está—
— Ele está bem por enquanto. Estão fazendo exames — ela hesitou antes de acrescentar. — Ele está perguntando por você.
Me senti culpado imediatamente. Estava dirigindo para a escola do Riley enquanto meu próprio filho estava numa cama de hospital.
— Estarei lá em breve — prometi, já virando o carro.
Mas quando virei para a estrada que levaria ao hospital, meu telefone tocou de novo. Era Sophia desta vez.
— Xenois, onde você está? O diretor está esperando, e Riley está tão chateado.
Segurei firme o volante, dividido entre dois caminhos. Duas crianças que precisavam de mim.
— Sophia, não posso ir. Ollie está no hospital.
— Ah — sua voz soou estranha, um pouco fria. — Entendo. Família vem primeiro.
Pude ouvir sua implicação sutil em "família" que não passou despercebida. A insinuação de que Riley e ela não faziam parte dessa categoria.
— Diga ao Riley que vou compensar — falei, ignorando a culpa. — Nos vemos amanhã para o jantar como planejado.
— Claro — disse rapidamente. — Família primeiro. Vamos ter apenas um jantar tranquilo amanhã então. Embora Riley vá ficar decepcionado... ele tem falado sobre mostrar seu presente de aniversário para você a semana toda.
Pude ver sua manipulação claramente, mas ainda caí nela. — Que horas amanhã?
— Seis? Vou fazer seu prato favorito.
Concordei e desliguei, me odiando um pouco mais. Então continuei para o hospital, onde meu filho e companheira estavam esperando.
Quando cheguei ao quarto dele, estava silencioso. Ollie parecia pequeno e vulnerável na cama grande, tubos o conectando a máquinas que eu não entendia.
Lumina estava sentada ao lado dele, sua mão acariciando gentilmente seu cabelo. Ela não olhou quando entrei.
— Oi, campeão — disse suavemente, me aproximando da cama.
Os olhos do Ollie se abriram lentamente. Por um momento, ele pareceu confuso, então sorriu fracamente quando o reconhecimento apareceu nos seus olhos. — Papai, você veio.
O fato de ele estar animado e chocado com uma coisa pequena me machucou mais do que eu esperava.
— Claro que vim — peguei sua pequena mão na minha, chocado com o quão frágil parecia. — Como está se sentindo?
— Cansado. Mas a doutora me deu um adesivo legal — ele ergueu a outra mão, mostrando um adesivo de dinossauro colado na sua camisola hospitalar.
forcei um sorriso no meu rosto tentando não mostrar meus sentimentos. — Isso é demais. Você coleciona eles?
Lumina olhou então, parecendo surpresa com minha tentativa de conversa.
Ela sabia que eu não fazia ideia do que nosso filho colecionava ou gostava. Me senti envergonhado percebendo isso agora.
— Tenho dezessete adesivos de dinossauro — Ollie me informou orgulhosamente. — E Riley tem vinte, mas ele trapaceou porque a mãe dele comprou o pacote inteiro de uma vez.
A mera menção do nome do Riley me fez estremecer enquanto apresentava meus crimes ao meu rosto, me forçando a responder por eles.
— Quando posso ir para casa? — Ollie perguntou, seus olhos já se fechando lentamente de sono.
— A doutora quer te manter durante a noite para observação — Luna respondeu, sua voz baixa e gentil enquanto deu tapinhas na mão dele. — Vou ficar com você.
— Papai pode ficar também? — perguntou esperançoso se virando para mim.
Antes que pudesse responder, Dr. Martinez entrou.
Ela acenou para Lumina, então me olhou com desaprovação nos olhos.
— Alfa Blackwood. Bom tê-lo conosco.
Sua saudação me machucou. — Como ele está? — perguntei, ignorando seu tom.
— Estável, mas preocupante. Seus níveis de energia estão perigosamente baixos — ela olhou brevemente para Lumina. — Discutiu a possibilidade de que conversamos?
Lumina acenou com a cabeça. — Tentei.
Dr. Martinez se virou para mim. — Alfa, acredito que seu filho está sofrendo de um dreno mágico de energia. Preciso observá-lo com todos os contatos regulares, especialmente pessoas novas na vida dele do último ano.
Entendi sobre o que ela estava falando imediatamente. — Quer dizer Sophia e Riley.
— Entre outros, sim.
— Absolutamente não — disse balançando a cabeça enquanto recuei. — Eles não têm nada a ver com isso.
A expressão da Dr. Martinez mudou para algo de clara desaprovação e raiva.
— Com todo respeito, Alfa, você não é um profissional médico. Sifões de energia são raros na natureza, mas também são documentados. O timing combina perfeitamente com a chegada deles na matilha.
— Só porque pode ser coincidência não significa que são eles — rebati. — Encontre outra explicação.
— Papai? — a pequena voz do Ollie interrompeu nossa discussão. — Você está bravo?
— Não, campeão. Só preocupado com você.
— Você vai ficar? Por favor? Prometo não ficar mais doente se você ficar.
— Vou ficar por um tempo — comprometi, sabendo que não conseguia ficar a noite toda quando tinha jantar planejado com Sophia e Riley para amanhã.
Precisava ir para casa, me preparar, e trabalhar nas propostas do orçamento municipal que estavam com prazo.
Lumina me olhou, sua decepção presente mas não inesperada. Mas ela não disse nada, apenas continuou acariciando o cabelo do nosso filho enquanto ele voltou a adormecer.
Sentado ali, observando-os, me senti como um estranho na minha própria família. Quando isso aconteceu? Quando comecei a colocar todos e tudo acima deles?