Rosana foi puxada para fora pelos funcionários da propriedade. — Me soltem, me soltem! — Rosana se debatia enquanto era levada para onde todos estavam reunidos. Lavínia lançou um olhar frio para Rosana, avaliando-a de cima a baixo. — Por que você estava escondida ali? Foi você quem causou o incêndio? Rosana caiu no chão, paralisada pelo medo. Ela sacudiu a cabeça com força e respondeu com uma voz embargada de desespero: — Lavínia, não fui eu! Eu juro que não fui eu! Eu só saí com a Flor para ir ao banheiro, mas depois não a encontrei do lado de fora. Resolvi dar uma volta aqui perto e acabei me perdendo. Foi um dos funcionários que me trouxe de volta. Rosana apontou para um dos funcionários que estava no canto. O funcionário olhou para Lavínia e confirmou com um aceno de cabeça: — É verdade, Sra. Lavínia. Eu encontrei Rosana perdida e a trouxe para cá. Lavínia ouviu a explicação e estreitou os olhos, lançando um olhar afiado para Florence e Daphne. — Então, das três
— Oh? — O olhar de Lavínia mudou, e o tom brincalhão em sua voz desapareceu, dando lugar a uma frieza calculada. — Explique. — O anel de camélia está no seu dedo mínimo. Nenhum outro anel está em um dedo associado ao amor. Dez anos atrás, seu marido recém-casado morreu em um acidente de carro. Mas ele não estava sozinho naquele carro. Havia uma amante, uma mulher que adorava camélias. Quando ela morreu, estava segurando uma flor que ele deu de presente, uma camélia. Até mesmo o Oásis do Chá foi algo que ele comprou com o dinheiro da senhora para presenteá-la. Agora, este lugar é o seu troféu. Enquanto falava, Florence caminhou até o pequeno jardim destruído pelo fogo e olhou diretamente para Lavínia, que agora tinha uma expressão sombria e perigosa. Com um sorriso leve, mas enigmático, Florence disse em voz baixa: — Sra. Lavínia, esse pedaço de jardim florescia melhor do que qualquer outro.Lavínia respondeu com frieza: — Claro que está bonito, afinal, recebeu cuidados especi
Ao ouvir que dividiria o quarto com Lucian, Daphne ficou visivelmente envergonhada e se aproximou dele, corando.— Sra. Lavínia, isso me deixa um pouco sem jeito... — Disse Daphne com uma voz baixa.Lavínia arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto, como quem já antecipava aquela reação:— Se está com vergonha, posso providenciar outro quarto para você. Não é nenhum problema.Com essas palavras, Lavínia levantou a mão, como se fosse chamar o mordomo. Daphne, no entanto, rapidamente interveio:— Sra. Lavínia, a senhora é muito engraçada... Obrigada, mas não precisa.Lavínia a olhou com um sorriso cheio de malícia e significado. Daphne sabia que, diante dela, não adiantava fingir inocência. Lavínia enxergava através de qualquer máscara.Florence, ao ouvir que havia a possibilidade de trocar de quarto, tentou encontrar uma desculpa para isso. Porém, antes que pudesse abrir a boca, Lavínia foi interrompida por uma ligação e precisou sair às pressas. Sem outra opção, Florence dirigiu-se ao
— Srta. Florence, sou eu, Cláudio. — A voz do homem do outro lado da porta soou educada, mas firme.— O que foi? — Florence perguntou, tentando disfarçar a dor.— O Sr. Lucian pediu que a senhora fosse até ele.Ir até ele? Para quê? Para assistir ao espetáculo pós-intimidade dele com Daphne? Florence sentiu o sangue ferver e respondeu sem pensar:— Já estou descansando. Diga a ele que, se tiver tempo para me chamar, é melhor cuidar dele mesmo e se fortalecer mais da próxima vez.Com essas palavras, ela se jogou de volta na cama, ignorando qualquer outra possibilidade de conversa.Do lado de fora, Cláudio, confuso com a recusa, balançou a cabeça e foi até o escritório improvisado que Lavínia tinha preparado para Lucian.— Sr. Lucian, Florence disse que já foi descansar.Lucian, sentado em uma cadeira de madeira maciça junto à janela, cruzou as longas pernas, apoiou o queixo na mão e continuou a folhear os contratos que segurava com a outra mão. Ele ergueu o olhar, cético.— Você acredit
— Ai, meu Deus… Estou com tanto medo! Eu tenho pavor do escuro… Não consigo enxergar nada… Ah! — Rosana soltou um grito abafado, e Florence ouviu os passos dela tropeçando, como se tivesse perdido o equilíbrio.Pelo som, Florence percebeu que Rosana estava vindo em sua direção. O problema? Bem à sua frente estava Lucian. Rosana sabia usar as circunstâncias a seu favor.Logo em seguida, o som de corpos se chocando confirmou suas suspeitas. Rosana realmente conseguiu o que queria. Florence estava prestes a soltar um riso sarcástico, mas, antes que pudesse reagir, uma sombra se colocou à sua frente.Ela parou, surpresa, sem tempo de processar o que estava acontecendo. A respiração quente e firme de alguém a envolveu, e, sem aviso, Florence sentiu os lábios daquele homem sobre os seus. O beijo a pegou completamente desprevenida, e ela ficou imóvel, incapaz de resistir ou reagir.O cheiro dele era um misto de ar frio de inverno com o calor suave de um sol tímido. O toque não era urgente com
— Venha. — Lucian ordenou, a voz baixa, mas carregada de autoridade.Florence apertou os lábios, incapaz de decifrar suas intenções. Ela olhou ao redor, mas não havia para onde fugir. Sem alternativa, obedeceu e caminhou em sua direção.Assim que ela se sentou, ele segurou sua mão machucada e, sem dizer nada, tirou um pequeno tubo de pomada para queimaduras do bolso. Com movimentos firmes, ele espalhou o creme frio sobre o ferimento de Florence.Ela ficou surpresa. Como ele sabia que ela estava ferida? A dúvida passou rápido, substituída pela sensação gelada da pomada aliviando a dor. O frescor relaxou seu corpo quase que instantaneamente, e o aroma suave do creme misturado ao das velas aromáticas pareceu clarear o mundo ao seu redor.Lucian, com a cabeça levemente abaixada, tinha a expressão oculta, mas sua voz soou calma e direta:— Como você sabe sobre o passado de Lavínia? Isso aconteceu há dez anos. Depois do acidente de carro, ela mandou apagar todas as notícias relacionadas.As
Embora o calor por dentro do corpo de Florence a queimasse, suas costas se retesaram instintivamente. Ela ergueu o olhar e encontrou diretamente os olhos dele. Na penumbra, parecia que ela encarava um abismo profundo, impossível de alcançar o fundo.Lucian apoiava o rosto na mão com uma expressão de interesse. Seus olhos a observavam atentamente, enquanto um sorriso quase imperceptível dançava no canto de seus lábios.Florence sentiu um nó na garganta ao lembrar-se de episódios passados, memórias que a faziam sentir-se humilhada. Ela desviou o rosto, sem conseguir sustentar o olhar dele.Ela mordeu o lábio inferior com força, tanto que o gosto metálico do sangue começou a se espalhar. Mesmo assim, a dor não era suficiente para afastar a sensação de tormento que fervia dentro dela. Florence continuou pressionando os dentes contra os lábios, tentando resistir.De repente, uma dor aguda em seu maxilar a fez soltar o lábio. Seus lábios entreabriram-se involuntariamente, e o sangue escorreu
Quase no mesmo instante em que Florence colocou os pés no chão, a porta foi abruptamente aberta. Uma multidão entrou no quarto: Daphne e Rosana lideravam o grupo, seguidas por Isadora, o mordomo e até alguns homens que pareciam ser funcionários do local. Daphne foi a primeira a avançar, seus olhos varrendo cada canto do quarto, como se procurasse algo específico. Florence, visivelmente irritada, lançou seu olhar diretamente para o mordomo: — O que vocês estão fazendo? É assim que vocês tratam os hóspedes? E se eu não estivesse vestida? O mordomo hesitou, pego de surpresa pelo tom firme de Florence. Ele olhou automaticamente para Daphne, que era a noiva de Lucian. Ela havia insistido para que a porta fosse aberta, e ele não ousaria contrariá-la. Ele rapidamente tentou desviar a culpa: — Florence, sinto muito. Daphne disse que você não respondia, e ela ficou preocupada. Achou que algo pudesse ter acontecido, então pediu que eu abrisse a porta. Florence deu uma rápida olha