Renascida das Sombras
Renascida das Sombras
Por: T.Vasconcelos
Prólogo.

Prólogo.

Desespero.

Era o único sentimento que me dominava, naquele momento, enquanto yo lutava com os meus últimos resquícios de força e lucidez para sobreviver e alcançar a superfície. Contudo, todas as tentativas estavam sendo débeis e inúteis, ao mesmo tempo em que sentia o meu corpo pesar e afundar ainda mais para a profundeza das águas gélidas, turvas e violentas do rio Murky Waters.

Medo.

Tentei mover os braços e pernas em direção a luz embaçada sobre a minha cabeça, que ficava cada vez mais distante, contudo falhei miseravelmente de novo. A minha mente estava ficando esquisita de uma forma inexplicável e desconhecida por mim, assim como sentia a minha garganta queimando demasiadamente. O pouco ar começou a acabar na medida em que o meu corpo morria com mais velocidade e sem controle nenhum por mim.

Inconsciência.

Yo queria lutar, me agarrar com desespero ao meu último suspiro de existência e continuar viva. Entretanto, sabia que era o meu fim. Já não existia mais nenhuma força no meu corpo ferido, exausto e tomado por uma terrível hipotermia. Inúmeras vezes, lutei e nadei contra as correntezas violentas do rio, durante ao tempo em que o meu corpo era lançado para todos os lados como se fosse de uma boneca velha de trapos. Minha mente ia apagando com rapidez assim como as minhas investidas de alcançar o topo. Por fim, apenas sentia a inconsciência chegando, como a ceifadora da minha curta vida, com um sorriso temeroso e impetuoso.

Então, era assim a morte por afogamento?

No! Esse não seria o meu fim!

A morte me fitava com os seus olhos vazios, sem mais nenhum resquício de humanidade e totalmente irracionais. O seu caminhar era vacilante e lento, contudo as suas pernas podres continuavam trazendo a carcaça ambulante, sem um dos braços e parte do estômago pendendo para fora do seu abdômen, na minha direção. A sua boca, com enormes dentes amarelos, abriu-se em um grunhido animalesco e o cheiro fétido alcançou-me como um aviso mórbido de que aquela praga, que um dia fora uma pessoa como yo, poderia me condenar a ter um final como o seu e me tornar uma morta viva.

Como yo poderia me tornar uma deles se a minha alma havia sido assassinada e morta meses antes?

Um sorriso sem vida nasceu nos meus lábios, enquanto bradava a minha katana no ar, antes de cravar a lâmina afiada e polida na cabeça da zombie sem hesitar, eliminando-a logo em seguida.

O apocalipse zumbi abateu todo o planeta como uma praga destruidora que era, deixando apenas os mais fortes de pé enquanto os mais fracos eram extintos e retornavam a ‘’vida’’ como seres irracionais, perigosos e mortais. Agora, quem perecia de qualquer forma, poderia ser transformar em um morto vivo.

Apenas a lei dos mais fortes existia, e yo era uma renascida das sombras.

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