Os convidados presentes me encararam em silêncio, esperando minha resposta.

Nesse momento, o Alfa Damon entrou devagar no salão.

Ele parecia fraco, doente, quase sem forças para andar direito.

As pessoas ao redor começaram a rir baixinho, e eu já ia dizer “quero me casar com o Damon”, mas, de repente, lembrei do que o Alto Rei tinha me dito:

“Se você realmente escolher o Damon, vou respeitar sua decisão. Mas, por enquanto, é melhor que ninguém saiba. Quando tudo se acalmar, as coisas vão se esclarecer naturalmente.”

Hesitei por um instante e acabei engolindo as palavras.

Damon me olhou, e nos olhos dele havia uma tristeza que eu não consegui ignorar.

Eu entendia a preocupação do Alto Rei.

Afinal, hoje havia tantos herdeiros das quatro grandes clãs, todos de olho no trono dele.

Então, deixei que todos ficassem especulando e simplesmente me afastei daquele lugar sufocante.

No caminho de volta, Ruby e eu dividimos o mesmo carro.

Ela levantou a mão, e a pedra preciosa dentro da caixinha brilhou sob a luz, me fazendo fechar os olhos por um segundo.

— E daí se você acabar se casando com o Alfa Iris? O coração dele sempre foi meu.

A voz dela era cheia de provocação.

Diante dos outros, Ruby era sempre a menina boazinha e inocente, mas, quando ninguém estava olhando, mostrava as garras afiadas.

Não consegui evitar lembrar da vida passada, dela e do Alfa Iris juntos, nus, abraçados.

Ela encolhida no colo dele, parecendo uma lobinha assustada, e o Alfa Iris a abraçando forte, como se estivesse protegendo ela de mim.

Naquele momento, eu quase desabei.

Depois, meus pais mandaram Ruby para uma cidadezinha do interior e arranjaram um casamento pra ela com um Rei dos Dragões que vivia sempre em batalha. A vida dela acabou sendo bem mais tranquila do que a minha.

Nesta vida, vou deixar ela e o Alfa Iris juntos. Quero mesmo ver o que vai sair disso.

— O que me importa onde está o coração dele? Se gosta tanto assim, peça pra ele te marcar.

— Que vocês recebam a bênção da deusa.

Ruby ficou parada um instante, arqueou as sobrancelhas e sorriu, cheia de confiança:

— Sua bênção? Prefiro não arriscar, quem sabe não vem com veneno junto. Mas, de qualquer jeito, o Alfa Iris vai ser meu.

Dias depois, chegou o Dia de Ação de Graças e meu pai pediu que eu entregasse um presente ao Alto Rei.

Assim que entrei no palácio, encontrei Ruby, que não via fazia dias.

Ela usava um vestido vermelho, coberta de joias reluzentes, brilhando como ouro, ostentando luxo sem limites.

Quando me viu, sorriu de leve:

— Mana, olha esse vestido, não ficou lindo? Foi o Alfa Iris que me deu.

— Falei pra ele que não gosto de nada exagerado, mas o Alfa Iris fez questão. Disse que eu mereço o melhor.

Já estava ficando impaciente, pronta pra passar direto, mas Ruby mais uma vez se colocou na minha frente.

— Mana, só queria conversar um pouco, por que está tão séria hoje?

— Sei que deve estar sofrendo por dentro, mas sentimento não se controla.

Enquanto falava, Ruby começou a chorar baixinho, fazendo cena de quem estava fragilizada.

Estendi a mão pra afastar ela, mas ela caiu no chão com um grito, fingindo dor.

— Mana, por que me bateu? Eu sou sua irmã!

Nesse instante, o Alfa Iris entrou pela porta, viu a cena e veio furioso na minha direção.

— Sophie, o que você está fazendo?! — Ele veio com as garras expostas. — Como consegue machucar a própria irmã? É muita crueldade!

Olhei para o Alfa Iris, depois para Ruby caída, e acabei rindo.

— Ruby, nunca pensei que seus truques fossem tão eficazes. Você é mesmo uma vaca.

De repente, um uivo de lobo ecoou pelo salão.

O Alfa Iris se virou num salto e veio pra cima de mim, acertando meu rosto com as garras e deixando marcas de sangue.

Ele gritou, tomado de raiva:

— Não admito que você insulte a Ruby!