Eu me curvei, para observar como eles se colocavam em posição de prontidão, como se temessem que eu pudesse estar levando o patrão para uma armadilha. Matteo os ignorou, mas eu sabia que eles iriam ficar por perto. Há poucos passos logo mais à frente, já não me lembrava mais daqueles homens. Não poderia ser de outra forma, eu estava presa à sensação maravilhosa de estar sendo conduzida por um ser tão elegante, tão lindo! Detalhe, eu nem sabia onde ele estava me levando. A água ali era cristalina e dava para uma pequena caverna. Matteo apressou-se e sumiu da minha vista. Logo, eu encontrei só a sua sunga. Fiquei boquiaberta. Ele nadava totalmente nu nas águas transparentes. — Vem!— ele me chamou. Eu olhei para o meu biquíni por baixo do camisão aberto e pensei se deveria ousar tanto. Tirei tudo, fiquei livre como o Matteo e pulei na água. A sensação de liberdade era incrível! Enquanto eu ia na direção das mãos que ansiavam pelas minhas, a
E foi assim, eu desisti de fazer a coisa certa. A verdade é que eu arreguei. No fundo estava gostando dessa nova vida. E quem não? Matteo era um homem rico bonito e estava interessado em mim, ou no meu corpo, sei lá! Só sei que não queria perder a chance de usufruir de tanta riqueza, da qual jamais pensei que conseguiria. Para mim, aquele mundo era inimaginável! Eu passaria a ser a esposa de um rico empresário, viveria num país distante e seria esquecida pelos meus inimigos, o que mais poderia desejar? Para quem pulou de um penhasco na intenção de se matar, eu com certeza estava no lucro. Suspirei resignada quando saí daquelas águas mansas, de mãos dadas ao homem que me oferecia um futuro diferente do que eu tinha, e mesmo não sabendo se pagaria um preço muito alto, eu aceitei silenciosamente, paguei para ver. Quando passamos pelos seguranças que conversavam em rodinha, lancei um olhar desconfiado para Giglio. Ele me olhava com o semblante de sempre, como se amea
Antonieta voltou agitada, trazendo a champanhe, e as outras criadas vinham logo atrás com as taças de cristal. Elas estavam nitidamente felizes por nós dois. Tudo parecia mágico do lado daquele homem lindo, rico e elegante, mas como nem tudo são flores, e aquela riqueza toda não surgiu num passe de mágica, mas a custa de muito trabalho, eu devia saber, Matteo tinha uma vida, horário de trabalho, essas coisas. De certa forma fiquei feliz quando ele me avisou que se afastaria um pouco, pois estava louca para ir à cozinha confabular com as criadas, e quem sabe até beliscar alguma coisa. Comi tão pouco no café da manhã. Estava envergonhada em querer provar tudo o que tinha na mesa. Afinal, eu não entendia porque havia tantas coisas servidas na mesa se eram só eu e o Matteo. O meu sentido estava numa torta de morango com chocolate que não foi nem tocada. Será que ainda estaria na mesa? Como eu era gulosa, ainda tinha o gosto de champanhe na boca! — Querida,
Eu me afastei procurando os olhos de Antonieta. Eu me sentia tão culpada! — Antonieta, ele te machucou, foi isso? Tudo isso por minha causa? Não seria melhor desistir de tudo? Não precisa pagar esse preço! Eu vou embora e tudo volta a ser como antes! — Não!— ela quase gritou. Eu fiquei surpresa com a reação dela. — Não tem que sofrer por minha causa, amiga— minha voz saiu embargada. — Alguém precisa ser feliz— foi o que ela disse, antes de me abraçar novamente. Eu sabia que ela estava se arriscando por minha causa, pois o chefe da guarda tinha muito poder, mas eu precisava achar um ponto fraco dele, tirar as forças que ele exercia por ser italiano, por estar ali há tanto tempo, desde que Matteo se entendia por gente, quem sabe? Talvez a resposta para isso estivesse mais perto do que eu pensava. As duas criadas nos deixaram a sós e foram para o fundo da casa, agitadas, mãos na cintura, procurando com os olhos o autor daquele mal estar todo.
Ela virou-se parando na minha frente. — Você não o traiu com os seguranças e nem lhe roubou. Eu fiquei confusa, sem entender, e ela continuou a falar, sempre com o olhar perdido: — Giglio entregou o relógio do patrão, disse que estava com ela. Meneei a cabeça incrédula. — E você confia nele? Ela estava com ele, por acaso? — Não! Ele não se atreveria a me trair. Soltei o ar pela boca. Então Giglio era muito pior do que eu pensava. Saí atrás de Antonieta ouvindo ela destrinchar aquela história horrível . — Ele a mandou embora, no meio da noite, sem um pingo de piedade. — Claro, o seu querido namorado bateu na porta dele de madrugada para entregar a moça! —eu contestei. Antonieta ficou alterada. — Ela o roubou, deitou-se com um dos seguranças! — Quem garante que não foi com ele mesmo? Ele pode ter armado para ela!— retruquei insistente. Antonieta engoliu em seco, a voz parecia presa. — Ele é louco por mim, sempre foi!
Durante o almoço eu estava visivelmente inquieta e Antonieta percebeu. Minha sorte, é que Matteo teve que se retirar da mesa por um momento e nos deixou à vontade. — Morar com os pais dele?— ela também estranhou. — É Antonieta, morar com eles, lá na Itália! Não os conheço, mas me arrepio só de pensar nisso! Não sei, aqui no Brasil nos casamos e vamos morar em casa separada dos nossos pais, porque temos que ficar debaixo do mesmo teto que eles? Antonieta expressou preocupação, mas eu não parava de falar. — Antonieta, e se eles perceberam que sou uma farsa? Ela inclinou-se para mim subitamente. — Não pode abaixar a cabeça para eles, ouviu? Tem que manter o patrão nas rédeas, ou a sua sogra te devora! Eu suspirei impaciente. — Aqui no Rio de Janeiro, também não posso ficar! Logo seria descoberta por eles! Nem percebemos a presença de Nath, que nos ouvia incrédula. Quando Antonieta virou-se, ela se retirou nervosa. — Confia nela, Antonieta?
— S-sim, senhor— ela gaguejou. Fiquei boquiaberta. Era como se ele estivesse me escondendo algo. Depois do almoço, Matteo voltou para o escritório e eu fui ter com Antonieta, falando sem parar: — O que está me escondendo? Ele não sairia da mesa se não fosse algo tão importante, não é? Fala Antonieta, o que está me escondendo, ele tem outra, é isso? Ela voltou-se para mim. — Ela quase sempre liga nesse horário. — Ela, ela quem?— balbuciei apavorada. — A mãe dele. Suspirei aliviada. — Oh meu Deus, quase me matou de susto! Saí andando sorrindo de volta para a sala, Antonieta veio atrás de mim. — Mas seria melhor que se tratasse de uma amante! — O quê! Ela ficou inquieta. — Essa mulher tem controle sobre ele! — Por isso vai se casar escondido dela?— Minha voz nem saía direito. Antonieta começou a me empurrar, tentando me animar. — Vai casar escondido sim, mas você vai tirar isso de letra. Vai chegar lá casada, e e
“Eu pulei do penhasco e me joguei ao mar, deixando a dor da decepção apagar todo o meu passado. Eu só queria esquecer aquela traição, mesmo que isso custasse a minha vida, os meus sonhos e por fim, a minha identidade. “ Foi assim que tudo começou… Eu dirigia feliz, havia fechado um grande negócio! Com a venda daquela mansão milionária, finalmente poderia trocar o carro do meu marido. Diogo se queixava sempre que, enquanto não chegasse a tão sonhada promoção na exportadora em que trabalhava, teria que se conformar com o seu carro, que não trocava há três anos. De repente, por ironia do destino, o surpreendo dirigindo quase do meu lado. O farol fechou e ele estava tão ansioso, impaciente, olhando para frente que não me viu. Meu coração disparou de felicidade e eu o segui, ele dirigia rápido e eu desviava dos carros para alcançá-lo, cheguei a gritar o seu nome, mas ele não me ouviu. Para mim, era muita sorte não precisar chegar em casa para lhe contar do meu grande feito, me se